Alencar fala em ano perdido e juros despropositados

O vice-presidente da República, José Alencar (PL), reafirmou em Salvador (BA) que 2003 é um ano perdido para a economia por causa das altas taxas de juros. “Pode-se dizer que sim, o ano está perdido. Nós já perdemos duas décadas [80 e 90] e temos de dar um jeito”, disse Alencar, antes de almoçar com o governador Paulo Souto (PFL-BA), no Palácio de Ondina (residência oficial do governo baiano).

De acordo com o vice-presidente, que viajou a Salvador para apresentar o projeto sobre a transposição das águas do Rio São Francisco, a alternativa do governo para a retomada do crescimento não passa pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne hoje e amanhã para definir a taxa básica de juros, a Selic. Analistas acreditam na queda de 24,5% para 23% ao ano.

Indagado se o governo está “fazendo o dever de casa” para possibilitar a retomada do crescimento, Alencar respondeu: “Está tentando fazer, está tentando fazer”.

Juros despropositados

De acordo com Alencar, a redução na taxa básica de juros estabelecida pelo Copom na última reunião (de 26% para 24,5% ao ano) não alterou o panorama econômico. “Não houve queda nenhuma. Eu não entro no assunto Copom, falo do ponto de vista filosófico e político. E, do ponto de vista filosófico e político, as taxas de juros no Brasil são um verdadeiro regime de juros despropositado.”

Medidas paliativas

Ainda antes do almoço, em conversa reservada com os senadores César Borges (PFL) e Rodolpho Tourinho (PFL) e com o prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy (PFL), Alencar classificou como “paliativas” as medidas mais recentes tomadas pelo governo para acelerar o desenvolvimento da economia. As palavras do vice-presidente foram captadas pelos gravadores dos jornalistas presentes ao Palácio de Ondina.

“Nós precisamos baixar os juros, e não de medidas paliativas para determinado setor, como a indústria automotiva. É um negócio (a redução do IPI para alguns tipos de carros) que dura pouco. Agora, as medidas para incentivar o microcrédito e outras coisas merecem o nosso aplauso. Porém isso não vai retomar o crescimento da economia, pois o que vai retomar o crescimento da economia é o custo do capital.”

Antes de embarcar para Brasília, Alencar defendeu o projeto de reforma tributária encaminhado pelo governo ao Congresso. “O projeto é de interesse nacional e de todos os Estados.”

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