Agricultores ganham com alta do dólar

Enquanto uma série de categorias de trabalhadores e empresários reclama da desvalorização do real diante do dólar, os agricultores comemoram. Os produtos agrícolas representaram, no ano passado, 41% de todas as exportações. Por isso, o aumento do dólar representa mais recursos para os agricultores.

Um dos resultados práticos está na indústria de maquinários. A Case e a New Holland, pertencentes ao Grupo Fiat, fabricantes de tratores e colheitadeiras em Curitiba, já comemoram o aumento nas vendas.

Segundo o presidente da Cooperativa Agropecuária Cascavel (Coopavel), Dilvo Grolli, para cada R$ 3 que o agricultor investe a mais na compra de insumos em razão do aumento do dólar, ele recebe R$ 10. ?São R$ 7 de lucro?, afirmou. ?A valorização cambial dá lucro para os exportadores e o agricultor é um exportador.? De acordo com ele, entre os insumos pouca coisa é importada, como uma parte dos fertilizantes e os princípios ativos de inseticidas e herbicidas.

Além do dólar, Grolli elogiou a política de financiamento do governo federal para compra de novos equipamentos, que prevê juros de 8,75% ao ano, e o clima que tem sido favorável à agricultura paranaense nos últimos anos. ?O produtor tem de acreditar e plantar até no jardim de casa?, aconselhou o presidente da Coopavel. ?As oportunidades não aparecem muitas vezes.? Ele mesmo, produtor de soja e milho, comemora a compra de um trator novo este ano.

?O mercado está aquecido?, afirmou o diretor comercial da New Holland, Francesco Pallaro, que atribui o bom desempenho aos financiamentos e aos preços do dólar e da soja. ?Para os agricultores é o contrário do que se passa com a gente, que é fabricante e que depende de produtos importados?, disse.

Em colheitadeiras, o volume de vendas de junho na New Holland foi 98% superior ao registrado no ano passado. De 57 máquinas vendidas em 2001 passou para 113 este ano. Na Case, as vendas foram muito maiores. O volume pulou de uma colheitadeira vendida no ano passado, quando ainda era importada, para 31 este ano, quando passou a ser produzida no País. No acumulado entre janeiro e junho, a New Holland vendeu 46% a mais, passando de 748 colheitadeiras em 2001 para 1095 este ano. A Case aumentou as vendas 136%, pulando de 38 colheitadeiras para 90.

Em tratores, o aumento na venda de junho deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado foi de 11%, saindo de 836 máquinas para 934 máquinas da New Holland. No acumulado dos seis primeiros meses, o aumento foi de 18%. A única diminuição em vendas é observada nos tratores da Case. Enquanto nos primeiros seis meses de 2001 tinham sido vendidas 94, este ano foram 40 (57% de queda). No último mês de junho as vendas chegaram a 15 tratores, contra 22 no ano passado, com diminuição de 31%.

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