Agricultores em Brasília

Os produtores rurais deverão reunir em Brasília, a partir de hoje, 2.100 tratores, 940 caminhões e 325 ônibus para tentar sensibilizar o governo e a sociedade para a crise vivida pelo setor em alguns estados. A expectativa da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que organiza a manifestação ?Tratoraço – O Alerta do Campo?, é reunir pelo menos 15 mil produtores rurais. Do Paraná, cerca de 1,5 mil produtores devem estar engrossando o movimento, conforme estimativa da Federação da Agricultura no Estado do Paraná (Faep). O protesto segue até quinta-feira.

?Queremos mostrar ao governo a força da agricultura?, afirmou o presidente do Sindicato Rural Patronal de Cascavel e do Núcleo dos Sindicatos do Oeste do Paraná, Nelson Menegatti. Segundo ele, um ônibus com 44 pessoas estará partindo de Cascavel hoje, às 9h. Da região Oeste, haverá ainda ônibus de Rondon, de Toledo, Assis Chateaubriand, Medianeira e Ubiratã. ?Sem a agricultura, a cidade não vive. Queremos que o governo respeite mais os agricultores, que estabeleça preços mínimos dos produtos e cumpra com isso?, apontou Menegatti.

Segundo ele, entre as reivindicações está a desoneração dos insumos, que encarecem os custos de produção. Menegatti reclama ainda que não estão definidos os recursos para a safra 2005-2006. ?Não podemos esperar soluções de imediato por parte do governo, mas queremos mostrar que estamos com a produção comprometida e que, mais um ano assim, será o caos.?

Para o presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina, Luiz Fernando Kalinowski, alguns fatores coincidiram na safra passada e agravaram a crise no setor agrícola. Entre eles, está a estiagem, que provocou a quebra de safra média entre 20% e 25% no Estado – chegando a 60% em algumas regiões como a Oeste. Os baixos preços agrícolas também prejudicaram o setor, e a questão cambial só piorou a situação. ?Os insumos, quando comprados na safra passada, foram assumidos com o dólar a R$ 3,10, R$ 3,20. Agora, os produtores estão tendo que vender com o dólar a R$ 2,40?, reclamou.

Entre as reivindicações, Kalinowski cita a criação de linhas de crédito a longo prazo, clareza sobre os instrumentos que podem ser utilizados em casos de crises no setor – como a desse ano -, e implementação do seguro rural. ?A agricultura responde por quase um terço do PIB (Produto Interno Bruto) e um terço das exportações. Quando a agricultura vai mal, todos os outros setores da economia também vão mal?, arrematou.

Os tratores e caminhões foram levados para a Esplanada dos Ministérios durante a madrugada de ontem. Hoje, representantes do ?tratoraço? participarão de uma audiência pública das comissões de Agricultura da Câmara dos Deputados e do Senado. Na quarta-feira, deverão ser recebidos pelo presidente Lula. 

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