Adiamento de gastos é como se fosse nova pedalada, avalia gestora da Mongeral

Após examinar os resultados do setor público consolidado de setembro, a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patrícia Pereira, chamou atenção para a decisão do governo de adiar o pagamento da primeira parcela do 13º salário dos pensionistas que ganham mais de um salário mínimo. “Foi como se fosse uma nova pedalada fiscal”, disse.

A medida do governo posterga para outubro o pagamento da primeira parcela, que geralmente ocorre em setembro, “isso gera uma falsa percepção de que houve uma melhora nos resultados, mas não foi o que aconteceu”. “Mais cedo o secretário do Tesouro (Marcelo Saintive) justificou o motivo do adiamento, mas não ficou muito claro qual é o motivo”, acrescentou.

O setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 7,318 bilhões em setembro. Em setembro do ano passado, o déficit foi de R$ 25,491 bilhões. “Essa redução muito forte (na comparação de setembro de 2015 com setembro de 2014) parece uma evolução, mas vale destacar que o resultado do ano passado foi muito ruim, foi um ponto fora da curva”, explicou.

Patrícia também observou que, pelos dados divulgados nesta semana, o governo segue com dificuldades para aumentar a arrecadação, não só em razão da recessão econômica, mas também em função dos diversos programas do governo de financiamento de dívidas tributárias. “Esses programas geram um ambiente favorável para a sonegação e o adiamento do pagamento de impostos, porque os contribuintes ficam com a sensação de que podem esperar para pagar porque acham que terão algum benefício do governo”, afirmou.

Em setembro, o recolhimento de impostos e contribuições federais somou R$ 95,239 bilhões, uma queda real (inflação) de 4,12% na comparação com o mesmo mês de 2014. Em relação a agosto, houve um aumento de 1,06%.

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