Abicalçados: exportações geraram US$ 1bi em 2013

As exportações brasileiras de calçados no ano passado geraram US$ 1,095 bilhão a balança comercial do país. Foram embarcados no período 122,9 milhões de pares de sapatos, um volume 8,5% maior do que 2012 quando foram vendidos 113,27 milhões de pares. Apesar da elevação no montante exportado, em valores o desempenho do setor em 2013 praticamente repetiu o ano anterior, com o incremente de apenas 0,2%, ante os US$ 1,092 bilhão de 2012. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), durante a realização da Couromoda, em São Paulo.

De acordo com o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, a expectativa para 2014 é conseguir recuperar a competitividade do setor, principalmente no mercado externo. “Depois de amargar fortes perdas nas exportações nos últimos anos, 2014 dá sinais de que as exportações devem recuperar paulatinamente as perdas”, afirmou.

A associação divulgou ainda que apenas em dezembro as vendas externas já mostraram uma certa recuperação. No mês passado, o setor embarcou 12,8 milhões de pares de sapatos, movimentando US$ 108,4 milhões. O resultado representa um acréscimo de 11,3% em volume e de 10,3% em valores em relação a dezembro de 2012.

No acumulado do ano passado, o Brasil importou 39 milhões de pares, ou US$ 572 milhões, uma alta de 9,8% em volume e de 12,5% em valores ante 2012. Apesar da elevação das importações no ano, em dezembro de 2013, as compras do exterior registraram queda de 2,7% em volume e de 18,4% em dólares, ante o mesmo mês do ano anterior. No último mês do ano passado, entraram no País dois milhões de pares de sapatos, gerando US$ 28,4 milhões.

Para Klein, o dólar “num patamar mais realista” ajudou a reduzir as importações. “Acredito que com um câmbio em torno de R$ 2,45 e R$ 2,50 estaremos em uma zona, para a indústria de calçados, bastante adequada e confortável”, afirmou.

Balança

De acordo com os dados da Abicalçados, a balança comercial brasileira do setor fechou 2013 em queda, como vem ocorrendo desde 2010. No ano passado, o saldo ficou em US$ 522,9 milhões, 10,5% menos do que o ano anterior. Para Klein, o desempenho é “preocupante”. “É necessário que o governo, além de desonerar o setor produtivo de forma contínua, acione mecanismos de defesa comercial contra importações predatórias”, afirmou, referindo-se aos produtos chineses.

Para 2014, de acordo com o executivo, a expectativa é que o consumo interno se mantenha estável. “Se conseguirmos repetir a performance de 2013 já terá sido um ganho”, disse. “As empresas já percebem esse fato e estão redirecionando o seu plano de negócios para o exterior.”

2014

A Abicalçados ainda não tem projeções de crescimento nas exportações para 2014, mas acredita que poderá recuperar parte das perdas de quase US$ 700 milhões dos últimos quatro anos. “Por uma feliz casualidade, nós sempre observamos esses movimentos cíclicos, quando o mercado internacional está difícil, o mercado doméstico em alta. E quando o mercado brasileiro está em baixa nos favorece mercado internacional mais promissor”, afirma.

Para Klein, além do dólar mais atrativo ao exportador, a competitividade brasileira passa necessariamente por ajustes na carga tributária e na regulamentação trabalhista. Segundo ele, somente por conta da desoneração de encargos previdenciários e do estabelecimento do programa Reintegra (que previa a devolução de impostos de até 3% ao exportador), medidas tomadas pelo governo em 2012, foi possível manter as exportações em 2013 no mesmo patamar do ano anterior. “Infelizmente houve um recuo e o Reintegra não foi confirmado para 2014”, lamentou o dirigente.

De acordo com Klein, o setor trabalha com a pauta permanente de pedir auxílio nas questões de desoneração e na modernização trabalhista. “Quem sabe se com preços atrativos conseguimos retomar aos patamares de exportação de US$ 2 bilhões que tínhamos em 2007.”