Abecs: cartão de crédito deve galgar 3º lugar na carteira de bancos em 2016

O cartão de crédito caminha para ultrapassar o financiamento de veículos entre o final deste ano e o começo de 2016, galgando a terceira posição, segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Hoje, o segmento, conforme dados do Banco Central, está na quarta colocação.

“Se o ritmo de crescimento do cartão de crédito no primeiro trimestre continuar e o financiamento de veículos permanecer reduzindo, provavelmente no final deste ano ou no máximo até o começo de 2016, o cartão deve cruzar e ir para a terceira posição”, disse Marcelo Noronha, presidente da Abecs.

Com os cerca de R$ 157 bilhões registrados no primeiro trimestre, cartão de crédito está na quarta colocação, com participação de 10,8%, contra R$ 180 bilhões de veículos, na terceira posição e 12,5%. O primeiro lugar está nas mãos do crédito imobiliário, cujo tíquete é bem mais elevado, com R$ 452 bilhões. Em seguida vem o crédito pessoal com R$ 362 bilhões.

O crédito rotativo do cartão de crédito, aquele em que o consumidor não liquida o total da fatura e passa o montante para o mês seguinte, representou 2,1% do estoque do crédito no primeiro trimestre, conforme dados do BC, abaixo dos 2,2% registrados um ano antes. “A maioria das pessoas que entra no rotativo passa poucos dias e vai embora. Há um segundo grupo que são inadimplentes e outro que se recompõe e parcela a fatura junto ao emissor”, disse Noronha.

O porcentual das compras parceladas e sem juro da pessoa física direcionadas ao consumo foi a 50,2% do volume de crédito na concessão mensal de crédito à pessoa física no primeiro trimestre.

Guidance

O mercado de cartões deve crescer abaixo do guidance da Abecs neste ano, de aumento de 12% a 13%, para R$ 1,1 trilhão, segundo Noronha. A expansão, contudo, de acordo com ele, deve ficar acima de 10%, mantendo a trajetória de avanço anual de dois dígitos. Em 2014, o crescimento foi de 14,8%, para R$ 978,8 bilhões.

“Se o consumo das famílias melhorar, o crescimento do mercado de cartões pode voltar para o guidance, mas se piorar podemos rever. Vamos esperar o segundo trimestre para fazer uma revisão oficial”, explicou Noronha.

No primeiro trimestre, o crescimento do mercado de cartões, conforme a Abecs, foi de 10,6% ante um ano, para R$ 246,6 bilhões, abaixo do guidance de aumento de 12% a 13%, mas acima dos 10%. Foram 2,6 bilhões de transações com plásticos de janeiro a março, segundo a entidade, 9,6% a mais, em idêntica base de comparação.

A Abecs espera ainda, conforme projeção anunciada hoje por Noronha, que o valor que os cartões de crédito devem conceder por meio do parcelado sem juros em 2015 chegue a R$ 400 bilhões. Se confirmado, o montante representará elevação de 17,6% ante à cifra do ano passado, de R$ 340 bilhões.

Diferenciação

De acordo com Noronha, a Abecs apoia o debate, mas é contra a diferenciação no valor de bens e serviços para pagamento de cartão de crédito e dinheiro, mas está aberta a debates. “Em outros mercados, foi provado que o consumidor não tem nenhum tipo de benefício para os consumidores com a diferenciação de preço no dinheiro ou cartão. Somos contra, mas apoiamos a discussão”, disse ele.

Noronha destacou que essa diferenciação traz questionamentos em relação à formalização da economia, uma vez que os pagamentos feitos no cartão têm confirmação de pagamento e recebimento. “O projeto do senador Roberto Requião derrubou a portaria DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor). Mesmo revogada a portaria, Procons têm vedado a diferenciação de preço”, acrescentou Ricardo de Barros Vieira, diretor executivo da Abecs.

Voltar ao topo