ABC Brasil vê recuperação apenas de bens de capital

Ao recuar 2,5% em fevereiro na comparação com janeiro, a produção industrial desfaz a tendência de recuperação da atividade no setor que começava a se desenhar em janeiro, avaliou a economista Mariana Hauer, do banco ABC Brasil.

Da análise que fez dos dados da produção industrial de fevereiro, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mariana consegue ver apenas no segmento de bens de capital alguma tendência de recuperação.

“Mas os outros dados vieram muito fracos e não foram só os de carros, não”, observa a economista, ao se referir à queda de 9,1% da produção de veículos na passagem de janeiro para fevereiro, segundo o IBGE, e de 17,9%, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Além disso, ressalta Mariana, a produção de bens intermediários caiu 1,3% em fevereiro ante janeiro por causa da queda de 5,8% no refino de petróleo e produção de álcool. A indústria da extrativa mineral, de acordo com o IBGE, caiu 7% em janeiro e 1,9% agora em fevereiro.

Outro dado de produção que não agradou a economista do ABC Brasil foi a média móvel trimestral da produção industrial, que fechou estável em relação a janeiro. Para ela, do ponto de vista de impacto na formação do indicador de PIB no primeiro trimestre, esta é uma variável ruim.

Por enquanto, o Departamento Econômico do ABC Brasil trabalha com uma projeção de 1% de crescimento da economia de janeiro a março, mas esta previsão, de acordo com Mariana, poderá ser revisada para baixo. “Só estamos esperando o IBC-Br e os dados de vendas do varejo para ver se vamos manter ou não a nossa projeção”, diz a economista.