Dólar sobe pelo quinto dia consecutivo após declarações dos EUA

As boas notícias continuam perdendo a guerra no mercado diante do cenário de instabilidade internacional e iminência de um conflito no Iraque. Tanto que hoje, mesmo com o anúncio de duas captações externas e do avanço nas negociações para formação de maioria do governo no Congresso, o dólar fechou em alta de 0,42%, cotado a R$ 3,53 para venda e R$ 3,525 para compra.

A moeda norte-americana reverteu a queda da manhã, que em seu ápice chegou a 1,33%, depois que o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, concedeu uma entrevista coletiva na qual deu a entender que não dependerá de apoio da ONU (Organização das Nações Unidas) para atacar o Iraque.

Diante da iminência de uma guerra, a maior parte dos investidores prefere esperar mais um pouco antes de recalcular suas posições. A avaliação dos analistas é que as notícias positivas só deram conta de derrubar a cotação porque o volume de negócios está muito pequeno, o que aumenta a volatilidade do mercado.

”Ainda é difícil mesurar como uma guerra vai pesar sobre os ativos”, afirmou Marco Antonio Azevedo, gerente de câmbio do Banco Brascan.

Guerra
A expectativa de guerra alimenta a aversão ao risco por parte dos investidores, levando os estrangeiros a tirarem dinheiro de mercados emergentes como o Brasil e os brasileiros a comprarem dólares e venderem ações.

Powell afirmou junto com o ministro do Interior britânico, Jack Straw, que seus países não vêem necessidade para a continuidade dos trabalhos dos inspetores da ONU e estão preparados para prosseguirem em um eventual combate do Iraque caso não obtenham o consenso no organismo.

As declarações também fortaleceram a possibilidade de uma guerra já na próxima semana, quando os inspetores de armas da ONU entregarem o relatório preliminar sobre o Iraque, e enterraram qualquer expectativa de que o veto prometido pela França no Conselho de Segurança da ONU possa impedir um ataque no curto prazo.

Powell afirmou que a próxima segunda-feira, dia 27, ”não é um prazo final” para o desarmamento do Iraque, mas é uma ”data fundamental”. Os EUA, que acusam o Iraque de manter armas de destruição em massa, acreditam que com o relatório preliminar da ONU em mãos outros países adeririam a uma incursão militar para desarmar o Iraque.

A possibilidade de uma guerra na região, onde estão concentrados os maiores países exportadores de petróleo do mundo, tem pressionado fortemente ps preços do produto. A concretização da guerra poderia provocar uma nova crise nos preços do produto e ameaçar a recuperação econômica mundial.

Captações
A iminência de guerra ofuscou a notícia de que o Banco do Brasil concluiu uma captação de US$ 100 milhões no exterior, anunciada há pouco. Durante toda a manhã, o dólar caíra com a entrada de dólares vendidos pelo Citibank, banco da Telefônica, que na noite de ontem anunciou a captação de US$ 250 milhões no Japão.

As duas novas operações elevam para US$ 1,6 bilhão o total de captações feitas por empresas e bancos brasileiros no exterior neste mês.

O mercado também havia recebido bem a notícia de que o PSDB, o PMDB e o PFL endossam a candidatura do deputado petista João Paulo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados e de que apoiarão as reformas da Previdência e tributária.

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