Documentos derrubam acusações contra Secretário da Segurança

O Secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, entregou à imprensa, nesta quinta-feira (28), documentos que derrubam as acusações realizadas pelo tenente-coronel da Polícia Militar, Valdir Copetti Neves. A entrega foi feita durante a coletiva no Palácio Iguaçu, em que Delazari falou sobre o atentado contra um funcionário do Serviço de Inteligência da Sesp, na noite de quarta-feira (27). ?Ele usou uma tática comum, que é atacar quem o acusa para se defender, mas posso provar que tudo o que falou sobre mim é mentira?, afirmou.

Neves afirmou, na Assembléia Legislativa do Paraná, no dia 18 de abril deste ano, durante a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Terra, que a testemunha Marco Aurélio Pacheco tinha feito acusações contra Delazari, na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Narcotráfico em 2000. Os documentos entregues à imprensa contêm o depoimento que Pacheco fez em Brasília, no dia 9 de dezembro de 2000, quando, em nenhum momento, o nome do secretário é citado.

Além disso, foi entregue uma declaração da delegada Leila Aparecida Bertolini, responsável pela oitiva e pela custódia de Pacheco, que afirmou ter acompanhado o depoimento da testemunha durante a CPI. ?Acompanhei na íntegra o depoimento e, em momento algum, foi citado o nome de Luiz Fernando Delazari como acusado de algum delito?. Ela conta, ainda, que esteve pessoalmente, na terça-feira (26), no estabelecimento comercial onde Pacheco trabalha atualmente, para uma conversa informal sobre o assunto. ?Ele afirmou categoricamente que jamais prestou qualquer tipo de declaração que mencionasse o secretário e que nem o conhece pessoalmente?. Pacheco comprometeu-se a ir até a Divisão de Investigações Criminais para esclarecer o assunto.

CPMI da Terra

Na quarta-feira (27), o secretário Luiz Fernando Delazari foi a Brasília prestar depoimento na CPMI da Terra para desmascarar as acusações feitas por Neves. Na semana passada, Neves tentou convencer os deputados que Secretaria teria um equipamento contrabandeado, comprado para fazer grampos telefônicos.

Em seu depoimento, o secretário contou que foi criada uma força-tarefa envolvendo as polícias Federal, Civil e Militar para investigar a existência de uma milícia armada para proteger propriedades privadas no interior do Paraná. ?O governador Requião pediu ao Ministro da Justiça a colaboração da Polícia Federal neste trabalho de investigação?, explicou. Durante esta operação, um interceptador de ligações telefônicas foi usado para juntar provas contra Neves.

Delazari esclareceu que o Serviço de Inteligência da Secretaria possui um equipamento chamado Guardião, comprado em Santa Catarina, para fazer interceptações telefônicas. ?Este equipamento custou R$ 1,5 milhão e foi financiado com recursos da Secretaria Nacional de Segurança Pública e do Ministério da Justiça, portanto, totalmente legalizado. Além disso, o equipamento é receptivo, não invasivo, ou seja, só realiza interceptações autorizadas pelo Poder Judiciário, portanto, à prova de fraudes?. Ele disse ainda que é possível facilmente realizar uma auditoria, se necessário, para verificar a legalidade de sua utilização. ?Eu entendo a acusação de Neves contra mim, pois este equipamento juntou provas contra ele?, reiterou.

Torturas

Delazari levou para Brasília documentos com o relato de um policial que afirmou ter sido torturado pela equipe do Grupo Águia, da Polícia Militar, chefiada, na época, pelo tenente-coronel Copetti Neves, para confessar crimes que não cometeu. ?O policial Wilson José Portugal Gonçalves relata neste documento que foi preso pelo Grupo Águia, sob o comando do capitão Neves, que tinha um mandado de prisão temporária contra ele?. No depoimento, Gonçalves conta que foi torturado para confessar o crime de furto de veículos. ?Ele relata aqui que sofreu, durante três dias, a tortura conhecida como ?pau de arara?, além de choques e afogamentos. Ele cita ainda o nome de dois companheiros que também passaram por isto. Um está preso na Penitenciária Central do Estado e o outro responde processo em liberdade?, relatou o secretário.

O Grupo Águia surgiu em 1998, para coibir o roubo de cargas no Paraná, crime que era comum, porque o Estado é passagem que liga os outros estados do Sul ao resto do país. ?Esta equipe tinha livre acesso a todo o Estado, não pertencia a nenhuma subdivisão e por isto tinha liberdade para patrulhar onde fosse necessário. No governo passado, o grupo passou a ser utilizado também para promover desocupações. Porém, o comandante Neves era declaradamente contra o Movimento Sem-Terra e ele documenta isto em sua monografia da Escola Superior de Guerra, na qual defende, inclusive, a espionagem, com a infiltração de capangas nos acampamentos. Por conta disso, as desocupações passaram a ser de madrugada e extremamente violentas. Existem vídeos que comprovam a truculência destes policiais nestas operações?, contou Delazari.

O secretário aproveitou para informar que as desocupações realizadas pelo atual governo no Paraná são feitas exclusivamente durante o dia, todas pacíficas e sempre acompanhadas por oficiais de justiça. Para isto, foi criada a Comissão de Mediação de Conflitos Agrários dentro da Secretaria. Dede dois de março de 2003 até agora, esta comissão promoveu 99 reintegrações de posse. ?Isto significa uma desocupação por semana, número razoável levando em consideração que todas são resolvidas com diálogo e acordo entre as partes?, justificou.

Voltar ao topo