Documento entregue por empresário à CPI dos Correios aponta para Janene

Brasília (AE) – Documento intitulado Anexo 05-A, que Enivaldo Quadrado – sócio da corretora Bonus Banval -, passou à CPI dos Correios, aponta para o deputado José Janene (PP-PR), suposto beneficiário do mensalão. Daniele Kemmer Janene, filha do parlamentar, aparece como beneficiária de depósito de R$ 15 mil feito pela corretora por orientação da empresa de intermediação Natimar em 28 de maio de 2004. Rosa Alice Valente, secretária de Janene, teria aplicado R$ 113,3 mil. Michele, outra filha de Janene, trabalhou na corretora.

Quadrado revelou que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza usou a Natimar, do argentino Carlos Alberto Quaglia, para fazer aplicações de R$ 6,5 milhões no mercado financeiro. Depois segundo Quadrado, o dinheiro foi resgatado e transferido para várias pessoas indicadas pelo empresário mineiro. A Bônus foi a corretora contratada pela Natimar para investir dinheiro de Valério, que escolheu aplicações em ouro e em dólar no mercado futuro.

O sócio da corretora entregou à CPI uma lista de quase 90 pessoas e empresas que receberam em suas contas bancárias dinheiro depositado pela Natimar. Disse, porém, que não era possível saber quem eram os beneficiários das aplicações de Valério e quem eram outros clientes da Natimar.

Quadrado disse não ter conhecimento de que os repasses tenham beneficiado políticos e desmentiu Valério, que tinha dito ter repassado R$ 3,5 milhões, por meio da Bônus Banval, a pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. "Marcos Valério mentiu. Não foram R$ 3,5 milhões, foram R$ 6,5 milhões", declarou o dono da corretora.

Os investimentos, os resgates e os depósitos foram feitos principalmente em abril e maio do ano passado. Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), Quadrado quis confundir as investigações, pois será necessário investigar cada depósito. A soma dos depósitos listados por Quadrado é de R$ 9,9 milhões. A CPI suspeita que a Natimar fosse uma espécie de empresa laranja usada para "esquentar" com aplicações financeiras dinheiro obtido ilegalmente por Marcos Valério para abastecer o caixa 2 de partidos e parlamentares.

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