Dívida pública cresce e prazo de pagamento fica menor

O aumento da venda de títulos prefixados, considerados de menor risco de financiamento para o Tesouro Nacional, provocou um efeito colateral para a dívida do governo: um aumento dos vencimentos de curto prazo. Quase 50% dos títulos públicos que estão nas mãos dos investidores irão vencer num prazo de até 12 meses. Enquanto a parcela de títulos prefixados subiu em setembro para 17,46% do estoque total da dívida mobiliária federal, o volume de títulos a vencer em um ano subiu para 46,7%.

Do estoque de R$ 771,30 bilhões de dívida registrado em setembro, R$ 360,12 bilhões vencerão nos próximos 12 meses. A dívida de curto prazo é um dos indicadores econômicos mais observados pelas agências de classificação de risco ao avaliar um país. Os dados foram divulgados hoje (20) pelo Ministério da Fazenda e mostraram também que a dívida interna em títulos subiu 1,25% em relação a agosto, que estava em R$ 761,77 bilhões.

O coordenador de Operações da Dívida Pública, Ronnie Gonzaga Tavares, reconheceu que o aumento em setembro da parcela dos títulos públicos com vencimento em 12 meses não é um indicador positivo para o Brasil. Mas ponderou que esse crescimento se deve à estratégia do Tesouro de fazer uma maior colocação de títulos prefixados, que tradicionalmente têm prazos mais curtos. A maior parte dos títulos prefixados que o Tesouro vendeu em setembro tem vencimento em julho de 2005. Por outro lado, os títulos pós-fixados (corrigidos pela taxa Selic) são vendidos com prazo até 2007.

Para Tavares, apesar da piora no curto prazo desse indicador de solvência, o aumento da parcela de prefixados traz vantagens no futuro para o perfil da dívida. É que, quanto maior for a parcela de prefixados, menor é a chance de crescimento abrupto do estoque da dívida em momentos de elevação da taxa de juros. O problema é que esses papéis só têm demanda dos investidores em momentos de tranqüilidade do mercado financeiro.

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