Diretor do Correios admite prejuízo com franquias

Brasília (AE) – Em depoimento hoje (5) à sub-relatoria de contratos da CPI dos Correios, o diretor regional da estatal em São Paulo, Marco Antônio Vieira da Silva, admitiu que a empresa terá um prejuízo de R$ 10 milhões este ano com o pagamento de comissão a nove agências franqueadas que passaram a ter entre seus principais clientes quatro grandes bancos. Marco Antônio explicou que permitiu a migração dos contratos dos bancos, que antes enviavam sua correspondência em agências próprias dos Correios, para as franqueadas por "questões éticas".

Segundo o diretor da empresa, os quatro bancos – Itaú, Unibanco, ABN Amro Real e Santander – eram clientes de agências franqueadas dos Correios até julho de 2001. Como os contratos de franquia iam vencer em 2002, os Correios determinaram que os bancos passassem a ser clientes de agências próprias da estatal. "Eram quatro clientes da rede franqueada que nós tínhamos tirado. Simplesmente devolvemos os clientes para as franqueadas. Foi uma questão ética", argumentou Marco Antônio, que contou que foi indicado para o cargo pelo hoje prefeito de Osasco, Emídio de Souza, do PT. "Claro que estou perdendo dinheiro. Se considerar do ponto de vista econômico deixamos de ganhar R$ 10 milhões", reconheceu o diretor dos Correios.

Para o sub-relator de contratos da CPI, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), o depoimento do diretor dos Correios deixou claro que a permissão para a migração dos bancos para a rede franqueada trouxe prejuízo para a estatal. "Ele (Marco Antônio) autorizou a migração para a rede privada de clientes estratégicos com base em um cálculo prejudicial para os Correios", disse Cardozo. As irregularidades nas franqueadas já haviam sido detectadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que elaborou relatório apontando que os Correios pagaram comissão sem necessidade à rede franqueada.

Amanhã (6), o presidente da seguradora InterBrasil, André Marques da Silva, presta depoimento à CPI dos Correios. A suspeita é que a seguradora tenha ajudado no financiamento do PT em troca de informações para fechar contratos com estatais. A denúncia envolve Adhemar Palocci, irmão do ministro Antônio Palocci (Fazenda), com financiamentos de campanhas políticas em Goiás, que teriam sido feitos com recursos de caixa 2.

A sub-relatoria do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) ouvirá amanhã os depoimentos de Lídio Duarte, ex-presidente da autarquia, e Henrique Brandão, dono da seguradora Assurê e amigo do ex-deputado Roberto Jefferson. Os doleiros Haroldo Bicalho e Jader Kalid prestarão depoimento à sub-relatoria de movimentações financeiras. A CPI dos Correios deverá contratar ainda esta semana empresas de auditoria para ajudar a cruzar os dados sobre a movimentação financeira das contas de Marcos Valério Fernandes de Souza e dos fundos de pensão.

Voltar ao topo