Diretor do Banco Central prevê recuperação da economia em 2006

Brasília ? Os indicadores do Relatório Trimestral e Inflação, divulgado hoje (28) pelo Banco Central, confirmam "resultados consistentes e boas perspectivas para o crescimento futuro", em função do "ritmo acelerado de recuperação da economia daqui pra frente", conforme afirmou o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, ao explicar os números do relatório.

Segundo ele, o BC aumentou a projeção de conta corrente, que envolve todas as transações comerciais e financeiras com o exterior. Em razão de o saldo da balança comercial (exportações menos importações) ter tido a previsão ajustada de US$ 38 bilhões, no relatório de setembro, para a estimativa atual de US$ 44,5 bilhões, o BC elevou o cálculo de conta corrente neste ano, de US$ 13,7 bilhões para US$ 15 bilhões.

O diretor do BC acredita que o comércio externo continuará em "franca expansão" ao longo de 2006, mas estima que o saldo comercial será menor que neste ano, porque as importações terão crescimento percentual maior que as exportações. Ele prevê que as vendas externas devem aumentar do patamar de US$ 118,5 bilhões neste ano para US$ 124 bilhões no ano que vem, proporcionando saldo comercial de US$ 35,5 bilhões e saldo de conta corrente de US$ 6,7 bilhões.

O ano de 2006 será, portanto, o quarto ano seguido em que o Brasil registrará superávit em conta corrente, em virtude, principalmente, dos sucessivos recordes no comércio exterior, de acordo com Bevilaqua. E foi essa demonstração de saúde financeira, segundo ele, que permitiu ao país lançar neste ano, pela primeira vez, bônus internacionais com cotação em real, e permitiu ao país antecipar a liquidação, este mês, a liquidação de débitos de US$ 15,5 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Apesar disso, ele ressaltou que o país encerrará o atual exercício financeiro com reservas internacionais de US$ 53,8 bilhões ? maior nível de reservas no período de câmbio flutuante, a partir de 1998, e o dobro das reservas líquidas de dezembro do ano passado, que somavam US$ 27,5 bilhões. Essa folga vai permitir que o Brasil antecipe também, já no mês de janeiro de 2006, a liquidação do débito de US$ 2,024 bilhões com o Clube de Paris, com vencimento até 2007.

Bevilaqua reafirmou que "os indicadores de sustentabilidade externa são patentes", e disse que a dívida externa já diminuiu cerca de US$ 45,7 bilhões no atual governo, e deve fechar 2005 em torno de US$ 165 bilhões, o que equivale a 25% do PIB. É o nível mais baixo da relação dívida externa/PIB desde 1975, segundo o diretor do BC. Ele adiantou, ainda, que o Tesouro Nacional já contratou US$ 5,646 bilhões para quitar os US$ 11,480 bilhões da dívida a vencer no ano que vem.

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