Direitos humanos: notícias que envergonham o Paraná

– O Paraná tem 2,1 milhões de pessoas vivendo com 1/4 do salário mínimo.

– No Paraná, 1/3 da população rural vive na pobreza.

– No Paraná, só 35% dos trabalhadores rurais têm carteira de trabalho assinada.

– O Paraná tem os piores indicadores sociais e humanos do sul, mostra Ipea.

– O Paraná tem inúmeros "apartheids sociais", com altos índices de criminalidade, nas periferias das grandes cidades do Estado.

– O emprego no Paraná está crescendo em setores que tem incentivo federal para exportação, com média salarial baixa na grande maioria das cadeias produtivas.

– O Paraná é o 4.º colocado em acidentes do trabalho sem levar em conta os acidentes no setor informal, que são maiores em razão da falta de investimento em saúde e segurança no trabalho.

– O Paraná tem 10% da mão-de-obra formal de trabalho infantil, sem levar em conta a informalidade.

– O Paraná tem 2 milhões de trabalhadores com carteira, 1 milhão sem carteira e 1 milhão de trabalhadores eventuais/temporários.

– Trabalhadores escravos são libertados no Paraná.

– No Paraná, tem gente tirando o couro do lombo do povo e do meio ambiente.

E aí quando perguntam: Por que estas notícias que afrontam os direitos humanos foram escritas? Respondo:

– Porque se implantou no Paraná um modelo de desenvolvimento que privilegiou com crédito e renúncia fiscal setores produtivos de alta tecnologia, deixando o pequeno e médio empresariado paranaense geradores de emprego em situação difícil.

– Porque o Paraná como exportador de produtos primários, deixou a indústria de transformação em situação precária, não agregando valor aos orçamentos públicos e o Estado e os Municípios perderam capacidade de implementar políticas sociais, de infra-estrutura e de construção de equipamentos públicos.

– Porque o Paraná e o Brasil privatizaram setores essenciais da economia, sem um sistema de controle dos reajustes das tarifas públicas, aumentando os custos para a população e para o setor produtivo.

– Porque a agricultura familiar não teve apoio e grande parte da população migrou para os grandes centros atraída pela ilusão de que empresas de alta tecnologia gerariam empregos, num verdadeiro crime social.

– Porque se desviou muito recurso público e privado da área de qualificação, desestruturando o sistema de qualificação. Fazendo que o desemprego atingisse violentamente a juventude e priorizando-se a construção de presídios para prender pobres.

– Porque desaparelharam conscientemente a Delegacia Regional do Trabalho e passamos a viver sobre o império do contrato de trabalho que humilha, põe em risco e causa dano para a grande maioria dos trabalhadores, como se tivéssemos substituído a escravidão pelo contrato de compra de uma mercadoria.

E concluo dizendo que estas notícias começam a mudar e começam a aparecer notícias dizendo que o Paraná está crescendo e gerando mais empregos decentes, porque:

– A população, a agricultura familiar e os pequenos e médios empresários estão tendo mais acesso ao crédito e, além disso, as políticas fiscais estão sendo feitas para os setores que geram emprego e renda. E agregam mais valor aos orçamentos públicos.

– Os programas sociais estão sendo operacionalizados para atender a população de baixa renda.

– O sistema público e privado de qualificação está sendo redirecionado e moralizado para maior inclusão social.

"E que temos a responsabilidade de trabalhar muito para organizar a sociedade e facilitar, cada vez mais, o acesso ao crédito, às boas políticas fiscais, à qualificação e às políticas sociais com objetivo de construirmos um modelo de desenvolvimento democrático com a inclusão social dos setores sociais de baixa renda. Pois é só indo até os "apartheids sociais" das periferias durante as "operações sociais concentradas" para vermos o quanto o poder público andou longe da população nos últimos anos e o quanto precisamos trabalhar para reverter este cenário dos direitos humanos e das notícias que envergonham o Paraná."

Geraldo Serathiuk é delegado Regional do Trabalho do Paraná.

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