Desigualdade

No mundo conturbado de hoje, quando o maior e mais rico dos países, os Estados Unidos, dá sinais de declínio e o gigante comunista, a China Popular, adota um sistema híbrido em que é ditadura marxista na política e capitalista na economia, natural que o mundo volte os olhos para o Brasil. Estudam-no organismos internacionais e analistas porque este é um dos maiores países do mundo em território, tem uma considerável população, riquezas não exploradas e problemas de desigualdade social que são verdadeiramente explosivos. Também porque aqui aconteceu um fenômeno. A ascensão ao poder de um operário da mais humilde origem, à garupa de um Partido dos Trabalhadores, o que poderia inverter toda a história de comando do País, afastando do governo as ?elites? e as camadas que, desde o descobrimento, usam e abusam do privilégio de comandar em seu próprio proveito.

As atenções do mundo para com o nosso País multiplicam-se agora, com perplexidade, diante do fracasso dessa mudança política. A representação dos trabalhadores atirou-se aos vícios das chamadas ?elites? e nenhum passo importante foi dado para o mais grave problema do País: a desigualdade social.

Um recente estudo do Bird (Banco Mundial) apresenta o Brasil como um dos mais desiguais países do mundo, envolto no que a instituição chamou de ?inequality trap? (armadilha da desigualdade). Em matéria de desigualdade social, o Brasil é campeão na América Latina. E no mundo só está melhor que a Suazilândia, República Centro-Africana, Botswana e Namíbia.

O Bird não vê o nosso futuro com uma luz no fim do túnel. No estudo denominado ?Desigualdade e Desenvolvimento?, os especialistas da instituição dizem que o Brasil reúne quase todos os ingredientes possíveis para continuar perpetuando essa situação vergonhosa e inaceitável. No trabalho, afirma-se que ?desigualdades sociais persistem por gerações no Brasil?.

Identificando os problemas, o Bird observa que a renda dos mais pobres é um problema, além da falta de bons serviços de saúde e educação. Não há no País condições e mecanismos de interação entre ricos e pobres. Algo que o atual governo costuma chamar de inserção.

O Banco Mundial vê avanços nos últimos doze anos, principalmente com a implantação do programa Bolsa-Família no governo FHC e sua ampliação no de Lula. Mas considera que tais avanços são insuficientes para mudar o quadro. A ?armadilha da desigualdade? acontece quando a elite econômica e política se perpetua no poder, criando mecanismos financeiros e legislativos para manter o comando e obter vantagens.

Exemplifica com os poderes Legislativo e Judiciário, aumentando seus próprios salários e resistindo ao corte de benefícios previdenciários que não são compatíveis com o que ganha o resto da sociedade. Refere-se aos baixos salários que são pagos aos trabalhadores, a falta de financiamentos em condições iguais para ricos e pobres e, exemplificando, diz que ?se uma pessoa pobre tiver uma grande idéia jamais conseguirá um financiamento bancário nas mesmas condições dos ricos?.

O economista-chefe do Bird, François Bourguignon, afirma que os pilares para o desenvolvimento são: clima favorável para investimentos e concessão de poderes econômicos e sociais para os mais pobres. Negar tais condições é manter a ?armadilha?.

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