Desemprego subiu de 6,1% em 1995 para 9,3% em 2005

A taxa de desemprego em todo o País subiu de 6,1% em 1995 para 9 3% em 2005, segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2005 divulgada nesta quarta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego no ano passado foi maior especialmente para os jovens e chegou a 17,8% para a faixa etária de 18 a 24 anos.

Segundo os técnicos do IBGE, o elevado desemprego entre os jovens revela "não somente um aumento da procura por trabalho, mas também uma baixa capacidade da economia de absorver essa mão-de-obra qualificada", já que a média de anos de estudo dessa faixa etária é de 8,7 anos.

O levantamento mostra que o desemprego no ano passado atingia especialmente a população com ensino médio, enquanto em 1995 era um fenômeno que afligia sobretudo os que tinham apenas o ensino fundamental.

A pesquisa mostrou ainda que houve um aumento da formalização do mercado de trabalho de 1995 a 2005, de 43,2% da população ocupada com carteira assinada para 47,2%. Segundo os técnicos do IBGE, o nível de formalidade ainda é "significativamente baixo".

De 1995 para 2005, como já havia sido divulgado em setembro último na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), houve queda de 12,7% no rendimento médio de todos os trabalhos, embora de 2004 para 2005 tenha havido um crescimento de 4,6%, segundo a Síntese.

No mesmo período, de acordo com a pesquisa, houve uma redução da desigualdade no mercado de trabalho. Em 1995, o rendimento dos 10% mais ricos ocupados era 21,1 vezes maior que o rendimento dos 40% mais pobres ocupados. Em 2005, essa relação passou para 15,8, segundo já havia sido divulgado pela PNAD.

Famílias chefiadas por mulheres

O porcentual de famílias chefiadas por mulheres chegou a 28,3% em 2005, segundo a Síntese Indicadores Sociais 2005, do IBGE. Desse total, 18,5% contam com cônjuge em casa. Segundo os técnicos do instituto, "em termos gerais os resultados de 2005 confirmam as tendências já verificadas nos últimos anos, com redução do tamanho da família devido à queda da fecundidade e crescimento do número de famílias chefiadas por mulheres".

A pesquisa mostra também que, assim como ocorreu no rendimento do trabalho, as desigualdades do rendimento familiar caíram de 1995 para 2005. No ano passado, as famílias 10% mais ricas tinham rendimento 19 vezes superior ao das famílias 40% mais pobres, enquanto em 1995 essa relação era 23,3 vezes superior.

Em 2005 permaneceu a característica de que as famílias mais numerosas eram aquelas que recebiam um rendimento mensal per capita menor, enquanto os maiores rendimentos estavam nas famílias com menor número médio de pessoas. As famílias que recebiam até um quarto do salário mínimo tinham, em média, 4,5 pessoas no domicílio, enquanto as que tinham rendimento de mais de cinco salários tinham, em média, 4 pessoas.

Regiões e desenvolvimento

A concentração da população nas regiões de maior desenvolvimento socioeconômico permaneceu no Brasil em 2005. Dos mais de 184 milhões de habitantes no País, 64,3%, ou 118,6 milhões de pessoas, residiam nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Somente no Sudeste estavam 78,6 milhões de pessoas. Na região metropolitana de São Paulo viviam 10,5% dos brasileiros, ou 19,4 milhões de pessoas.

O estudo do IBGE mostra que a taxa de urbanização (proporção de pessoas residentes em áreas urbanas) do País foi de 82,8% em 2005 e a maior concentração da população urbana, com 99,3%, foi na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Crianças

Quase metade (49,6%) das famílias brasileiras contavam com pelo menos um de seus componentes com idade de até 14 anos de idade em 2005, segundo a Síntese de Indicadores Sociais. Cerca de 40% dessas crianças viviam em famílias cujo rendimento médio mensal não ultrapassava um quarto de salário mínimo per capita. Além disso, do total de famílias brasileiras, 28,2% tinham pelo menos um de seus componentes com até seis anos de idade e, desse total 44,1% viviam em famílias com rendimento inferior a um quarto de salário mínimo per capita.

Os técnicos do IBGE vinculam o fato de tantas crianças viverem em famílias com rendimento tão baixo à precariedade do atendimento do Estado. Segundo o documento de divulgação dos dados, essa situação ocorre "na medida em que o estado brasileiro não garante universalmente os serviços básicos de saúde, educação e habitação".

Em 2005, 5,4 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade estavam trabalhando no País, sendo que 53,9% tinham idade inferior a 16 anos. A pesquisa destaca que o trabalho infantil vem se reduzindo progressivamente nos últimos anos, mas em 2005 registrou um pequeno aumento em relação a 2004, com mais 148 mil crianças de 5 a 17 anos trabalhando. Segundo o IBGE, o aumento ocorreu no Nordeste e Sudeste.

De acordo com a pesquisa, o trabalho infantil de 5 a 15 anos de idade ocorre principalmente nas atividades agrícolas, enquanto no grupo de 16 e 17 anos o trabalho ocorre especialmente nas atividades não agrícolas.

São fortes os impactos do trabalho infantil na freqüência escolar. Enquanto na população de 5 a 17 anos de idade ocupada a taxa de freqüência escolar era de 80,2% em 2005, no grupo dos não ocupados a taxa de freqüência nessa faixa etária era de 92 8%.

A Síntese revela também que, no caso dos jovens, o porcentual daqueles que somente estudam diminui à medida que a idade avança. Na faixa etária de 10 a 15 anos, o porcentual dos jovens que somente estudavam era de 85,5% em 2005; passando para 54,4% na faixa de 16 e 17 anos e de 27,6% entre 18 e 19 anos. Na faixa de 20 anos, o porcentual dos que só estudam é de apenas 10,5%.

Idosos

O número de pessoas de 60 anos ou mais era superior a 18 milhões em 2005, ou quase 10% da população brasileira, segundo a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE. O grupo formado por pessoas acima de 80 anos, "que possuem maior incidência de doenças crônicas, piores capacidades funcionais, menor autonomia e que, conseqüentemente, exigem maior atenção da família e da sociedade", alcançou 2,4 milhões em 2005. As mulheres são maioria nesse grupo acima de 80 anos, numa razão de 62 homens para cada 100 mulheres.

A proporção de idosos ocupados era de 30,2% do total de idosos, atingindo um grupo de 5,6 milhões de pessoas em 2005. A proporção é maior no grupo de 60 a 64 anos, quando o número de ocupados chegava a 46,7% do total de idosos nessa faixa etária.

A pesquisa mostra também que aumentou o porcentual de idosos morando sozinhos, de 11,3% em 1995 para 13,3% em 2005.

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