Descoberto no Brasil esqueleto de espécie rara de dinossauro

Pesquisadores brasileiros anunciaram hoje a descoberta de um dos mais completos e bem preservados esqueletos de dinossauros já encontrados no País. Trata-se do Unaysaurus tolentinoi, do grupo dos prosauropodes, os primeiros dinossauros a surgirem no planeta há 225 milhões de anos, no período Triássico. Os fósseis estavam em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. "Esse é o primeiro prosauropoda encontrado no Brasil. Essa descoberta coloca o Brasil no cenário mundial da pesquisa paleontológica", disse Alexander Kellner, pesquisador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que atuou na pesquisa.

O Unaysaurus tolentinoi era um herbívoro bípede de 2,5 metros de comprimento e 70 centímetros de altura (da cintura ao chão, sem contar o pescoço comprido). "Os primeiros dinossauros a surgirem eram pequenos. Essa espécie tem uma depressão no crânio e uma crista no úmero nunca antes encontrados em nenhuma outra espécie. Essas características indicam que se trata de uma espécie nova", explica o coordenador da pesquisa, o biólogo Luciano Leal.

O novo dinossauro – a 11.ª espécie descoberta no Brasil – surpreendeu os pesquisadores. Ao contrário do que se esperava, ele não era aparentado com dinossauros que viveram no mesmo período na norte da Argentina, mas com espécies encontradas na Alemanha. "Provavelmente eles surgiram naquela região do Sul do Brasil e se espalharam amplamente pelo supercontinente Pangea, quando todas as partes da Terra eram unidas", diz Leal.

O Unaysaurus também permitiu aos pesquisadores reconstituir a região em que o bicho viveu. Os ossos dele tinham marcas de dentes, que, segundo os estudiosos, foram deixadas por protomamíferos – pequenos animais que mais tarde deram origem aos mamíferos. A dentição própria de herbívoros encontrada no Unaysaurus confirmou que ali já havia plantas 225 milhões de anos atrás e períodos intercalados de clima seco e úmido.

O Unaysaurus tolentinoi foi encontrado em 1998 pelo aposentado Tolentino Marafiga – e por isso leva o seu nome. Marafiga passava pela região de Água Negra (unay, em tupi), por uma estrada de terra que liga São Martinho da Serra a Santa Maria, a caminho de um jogo de bocha.

Estranhou o que parecia ser uma mão saindo de uma pedra e ligou para o pesquisador Átila Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria.

Os pesquisadores encontraram um crânio quase completo, seqüência de vértebras dorsais e da cauda, os dois braços, tíbias, parte do fêmur e falanges. O dinossauro estava recurvado sobre si. "Isso significa que ele morreu, ficou exposto por um tempo e essa exposição fez com que a conformação do esqueleto se modificasse antes de ele ser soterrado. Ele estava num conglomerado de cascalheira de rio. Ou ele morreu numa planície inundada ou à margem de um canal", calcula Rosa.

O financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj) permitiu que os pesquisadores reproduzissem o Unaysaurus em tamanho natural – é o terceiro dinossauro a ser reconstituído pelos pesquisadores do Museu Nacional. O modelo será exibido no museu, na Quinta da Boa Vista a partir de sábado.

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