Deputados e produtores destacam importância da anistia no Paraná

A sanção da lei que anistia as dívidas de pequenos agricultores que participaram do Programa Panela Cheia foi bem recebida entre os autores da proposta. O deputado Dobrandino da Silva, líder do Governo na Assembléia e um dos autores da proposta, disse que a lei beneficia os responsáveis pela produção agrícola do Estado. ?A dispensa integral da dívida para os mutuários com saldo devedor até R$ 35 mil vai ajudar os agricultores mais carentes e humildes, que plantam para sobreviver. Já os pequenos empresários e agricultores, que devem acima desse valor, poderão sair do sufoco que a dívida acarretou?, afirmou.

Além de Dobrandino da Silva, o projeto de lei teve a adesão dos deputados estaduais Ademir Bier, Elza Correia, Alexandre Curi, Artagão Júnior, Cleiton Kielse, Mário Sergio Bradock, José Maria Ferreira, Nereu Moura e Rafael Greca.

Durante a sanção da lei pelo governador Roberto Requião, o deputado estadual Elton Weller (PT), que representa o bloco agropecuário da Assembléia Legislativa, destacou a iniciativa e elogiou a sensibilidade do Governo do Estado. ?O governo tem essa característica de atender os agricultores?, disse.

Para o agricultor Manoel Pereira dos Santos, de Altônia, a medida vai lhe ajudar porque o dinheiro emprestado por meio do Programa para a plantação de café, há oito anos, foi perdido com a geada. ?Eu não tinha como pagar esta dívida, minha renda mensal é de R$ 200,00. Se eu fosse quitá-la, teria que vender tudo o que tenho e virar bóia-fria?, disse.

Na época, o agricultor emprestou cerca de R$ 8, 3 mil. Hoje, a dívida já teria atingido R$ 10 mil. Atualmente, ele tem um pasto na sua propriedade, com sete vacas, e vive da produção do leite destes animais. O que lhe rende cerca de 20 litros por dia. ?Estou muito feliz e agradeço o Requião por isso?, disse.

O produtor Vicente Popovicz, de Rio Azul, também teve sua dívida anistiada com a sanção da lei. Em 1994, ele emprestou cerca de R$ 18 mil do Panela Cheia e pagou parte do dinheiro com a venda de alguns alqueires de sua propriedade. ?Restou R$ 3 mil para pagar e, agora, eu posso pegar este dinheiro e aplicar na minha lavoura. O que o Governo está fazendo é muito certo?, afirmou.

Anos atrás, o produtor Leopoldo Sebolv, de Ivaiporã, emprestou cerca de R$ 12 mil do Programa para construir barracões de gado leiteiro. Ele não tinha como pagar devido aos altos juros impostos pelo governo passado. ?Hoje, podemos pensar em investir na agricultura novamente. Na época do Lerner, nós plantávamos para pagar os juros da dívida?, declarou.

O produtor Francisco Simionato, de Terra Boa, comprou um pasteurizador por aproximadamente R$ 9 mil, financiado em 48 meses, em 1992. Ele contou que pagou 29 parcelas do financiamento. Mas devido à atualização da dívida, com uma correção de 70 a 80% ao mês, o financiamento tornou-se totalmente impagável.

?Fomos vendendo nossos animais, descapitalizando-nos. Quando não consegui pagar mais, fui executado pelo banco?, lembrou. Para ele, foram momentos difíceis por causa da execução. ?Agora, acho que se está fazendo justiça. Eu considero que paguei mais de 50% do financiamento, que seria o valor para a compra de três a quatro equipamentos novos. Se tivesse que pagar as outras 18 parcelas, eu teria gasto o equivalente a mais quatro equipamentos?, disse.

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