Deputado eleito e preso deve pedir desfiliação do PT

Para evitar o desgaste de um processo de expulsão, o deputado federal eleito Juvenil Alves deverá apresentar nos próximos dias um pedido de desfiliação do PT, segundo informou nesta segunda-feira (4) sua assessoria. O diretório mineiro do partido decidiu no último final de semana encaminhar o caso à Comissão de Ética, que poderá decidir pela sua expulsão. Alves permanecia preso na carceragem da Polícia Federal em Belo Horizonte.

Advogado tributarista, Juvenil é suspeito de articular um esquema de "blindagem patrimonial" de empresas, que teria causado um prejuízo estimado de pelo menos R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Ele já havia cogitado a possibilidade de se desligar do partido, quando a executiva estadual decidiu pela suspensão preventiva e temporária de sua filiação. "O melhor seria ele se desfiliar do PT", disse o deputado estadual reeleito Durval Ângelo, um dos oito candidatos petistas que fizeram "dobradinha" com Alves na última eleição.

A prestação de contas de Durval está sendo reexaminada pela área técnica do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) após uma representação do Ministério Público Eleitoral (MPE). Os dois foram flagrados em uma conversa telefônica interceptada pela PF, autorizada judicialmente, na qual Alves reclama que a campanha já tinha gerado gastos de cerca de R$ 5 milhões. Na sexta-feira, o juiz-auxiliar do TRE, Rogério Medeiros de Lima, suspendeu a diplomação de Juvenil até a conclusão do processo de investigação, indicando prática de caixa dois na campanha. Alves declarou à Justiça Eleitoral gastos de R$ 415,2 mil.

Responsabilidade

Durval voltou a negar irregularidades em sua prestação de contas. Ele disse que declarou gastos de R$ 180 mil, sendo que recebeu de Alves uma doação de R$ 15,3 mil em material de propaganda. "Eu declarei a nota que ele me deu", afirmou. "Que foi material demais, foi. Que eu acho até que deve ter custado mais, deve. Mas a responsabilidade pela prestação é dele.

Ex-colega de Alves num seminário em Juiz de Fora no final dos anos 70, o deputado estadual defendeu as decisões do diretório mineiro petista, de suspender Alves e abrir investigação interna contra ele. "Essa é a história do PT. Anormal foi na época do mensalão ou do dossiê Vedoin, em que esses procedimentos não foram tomados.

Defesa

A advogada Marina Pimenta entrou ontem no TRE com um agravo de instrumento e uma medida cautelar questionando a suspensão da diplomação do deputado eleito. Já o criminalista Leonardo Isaac Yarochewsky disse que deverá impetrar um pedido de habeas-corpus amanhã ou quarta-feira. "Numa análise preliminar, não há motivos para a decretação da prisão (preventiva) do deputado Juvenil Alves. Em momento algum ele coagiu, constrangeu ou ameaçou qualquer testemunha ou qualquer outra pessoa que está sendo investigada", disse.

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