Delegado é condenado a perder cargo e prestar serviços comunitários

O delegado Claudimar Lucio Lugli foi condenado por unanimidade pelos desembargadores da 5.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná a perder sua função pública, prestar serviços à comunidade e pagar multa, por ter extorquido uma empresária do ramo de telecomunicações. Em troca, o delegado iria arquivar um inquérito policial sobre venda de mercadoria falsificada. Além disso, em 7 de fevereiro deste ano, Lugli foi preso pela Corregedoria da Polícia Civil, em Engenheiro Beltrão (Noroeste do Estado), acusado de comandar uma quadrilha que abordava ônibus de sacoleiros para apreender mercadorias e extorquir passageiros.

A investigação que culminou na condenação do delegado foi realizada pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC), em 2000. De acordo com a denúncia, em 10 de fevereiro daquele ano, o delegado Lugli e o investigador José Haroldo Amaral, na época lotados na Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública, foram até uma empresa de telecomunicações, no bairro Água Verde, em Curitiba. Amaral teria entrado na loja e Lugli, ficado esperando no carro.

O investigador teria fingido ser um cliente e pedido uma bateria de celular. Segundo a denúncia, quando pegou a bateria, policial deu voz de prisão à vendedora, alegando que a mercadoria seria falsificada. Os funcionários e a proprietária da loja tentaram comprovar que o produto era lícito, mas, ainda segundo a denúncia, o investigador teria apreendido dezoito baterias de celular e ainda teria dado voz de prisão aos funcionários e à proprietária.

Conforme relata a denúncia, já na delegacia, sob ameaças, a empresária pediu para que seu marido entregasse R$ 10 mil para o delegado. Assim, as vítimas teriam sido imediatamente liberadas, mas sob a condição de que Silmara ainda teria que pagar mais R$ 10 mil para Lugli, e a partir de então, teria sido ameaçada para que entregasse o valor.

Em 8 de março deste ano, Lugli foi condenado, em segunda instância, pela 5.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Lugli ainda pode recorrer a tribunais superiores.

Outro caso

Em 7 de fevereiro deste ano, Lugli foi preso pela Corregedoria da Polícia Civil em Engenheiro Beltrão, acusado de comandar uma quadrilha que abordava ônibus de sacoleiros para apreender mercadorias e extorquir passageiros. Ele foi detido na operação Fênix, desencadeada simultaneamente em Engenheiro Beltrão, Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e Curitiba e que cumpriu cinco mandados de prisão e nove de busca e apreensão. Atualmente, ele está em liberdade por força de habeas corpus.

Durante quatro meses, a Corregedoria investigou o esquema que seria liderado pelo delegado. Segundo a Corregedoria, ele montou um grupo para abordar ônibus de sacoleiros que transportavam produtos de informática e cigarros. Os veículos eram parados na estrada pela quadrilha, que apreendia toda a mercadoria e extorquia os passageiros, com a ameaça de que seriam autuados em flagrante por contrabando. Segundo as apurações, a quadrilha já possuía receptadores para vender toda a mercadoria apreendida.

Atualmente, o delegado responde a dois procedimentos administrativos no Conselho Disciplinar da Polícia Civil. Um deles sobre o caso de Engenheiro Beltrão e outro por não ter cumprido os prazos legais de um procedimento administrativo. Esta condenação do Tribunal de Justiça será apreciada pelo Conselho em sua próxima sessão. O delegado poderá perder seu cargo ainda antes da decisão final da Justiça sobre a condenação.

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