Déficit no preço da gasolina é de 17%, aponta CBIE

O aumento dos preços da nafta e do querosene de aviação (QAV), de 18% e 8,5%,
respectivamente, anunciados pela Petrobras, no fim de semana, "minimizam, mas
não resolvem o déficit registrado pela gasolina e pelo diesel" em relação ao
mercado internacional. A avaliação é do diretor do Centro Brasileiro de
Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires. Isso porque a gasolina, o diesel e também
o gás de cozinha (GLP) representam quase 70% da receita da estatal, diz o
analista. Segundo Pires, a gasolina no mercado interno está pelo menos 17% mais
barata do que a negociada no Golfo Americano. Já no diesel, a diferença é ainda
maior e atinge 21%. "Estes preços não têm acompanhado a tendência de alta que se
verifica no mercado internacional e que reflete em outros produtos no Brasil",
destacou o analista. Fontes do setor calculam que a nafta acumula alta de 54% em
12 meses.

O reajuste acumulado do QAV este ano é de 27,6%, segundo o
Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea). De 1999 a 2004, a variação
do querosene chega a 906%, enquanto a da gasolina é de 266,7%, a do diesel
427,3% e do GLP 441,3% no mesmo período, conforme dados do sindicato.

"O
preço do QAV no Brasil é mais caro do que em países como Alemanha e Estados
Unidos, por volta de 15% acima", diz o presidente do SNEA, George Ermakoff. É
por isso que as empresas aéreas defendem que o governo estabeleça uma nova
política de formação de preços para o querosene de aviação.

Ermakoff
conta que o assunto chegou a ser discutido pelo Ministério da Defesa na gestão
José Viegas, mas foi esquecido. Ele lembra que o Conselho Nacional de Aviação
Civil (Conac) já aprovou a discussão desse tema.

"Não existe explicação
para que a Petrobras adote uma política de preços diferenciada para determinados
produtos. Afinal, se há subsídio à gasolina, por que não subsidiar também a
nafta, ou o QAV", argumenta Pires, lembrando que os combustíveis que não sentem
o impacto da volatilidade de preços no mercado internacional são justamente
aqueles que influenciam a inflação diretamente. No ano passado, um reajuste de
10% sobre a gasolina impactou a inflação em pelo menos um ponto porcentual.

Voltar ao topo