Decisão do Planalto sobre controlador causa crise militar

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de impedir a prisão dos controladores de vôo amotinados no centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1) abriu uma crise entre os militares. Para oficiais-generais ouvidos pelo Estado, a ordem presidencial ?maculou? a hierarquia e a disciplina, pilares das Forças Armadas. Mesmo insatisfeito, o Alto Comando da Força Aérea Brasileira (FAB) divulgou ontem uma nota oficial em que acata o acordo feito entre o governo e os sargentos controladores.

?Temos de nos adaptar aos tempos e preservar as instituições. Mas já que é desejo deles (dos líderes do movimento) se tornar civis, queremos que saiam o quanto antes do nosso convívio?, diz um oficial da FAB. Não há clima de demissão no Alto Comando da Aeronáutica. ?Por enquanto, todos vão manter seus postos.? Apesar disso, os oficiais consideram que se abriu um precedente perigoso para as três Forças. ?O que eles (os controladores) fizeram é crime, previsto no Código Penal Militar?, diz um militar.

Ao contrário do que ocorreu na gestão do brigadeiro Luiz Carlos Bueno, desta vez os militares não criticaram a atuação do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, na condução da crise. O Palácio do Planalto também assegurou estar ?muito satisfeito? e garantiu a manutenção de Saito. ?O comandante da Aeronáutica não está comprometido e não foi desautorizado pelo presidente. O presidente não vai mexer no Saito?, disse um interlocutor direto do presidente. ?Ele (o comandante da FAB) teve coragem de parar no meio do caminho e agiu com sabedoria?, afirmou Lula, de acordo com o mesmo interlocutor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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