Darci Vedoin confirma intermediação de Abel no caso das ambulâncias

O empresário Darci Vedoin confirmou nesta sexta-feira (20), em depoimento à Justiça Federal de Mato Grosso, que Abel Pereira intermediou recursos provenientes de emendas parlamentares para favorecer a máfia das ambulâncias na época em que o prefeito de Piracicaba (SP), Barjas Negri (PSDB), era ministro da Saúde.

Revelada pela primeira vez por Vedoin e seu filho, Luiz Antonio Trevisan Vedoin, em uma entrevista à revista "Isto É", a atuação de Pereira junto ao ministério teria garantido a liberação de aproximadamente R$ 3,5 milhões destinados à venda superfaturada de unidades móveis de saúde a prefeituras – mediante o pagamento de 6,5% por verba liberada.

Em depoimento à Justiça na semana passada, Luiz Antonio citou quarenta e uma prefeituras que teriam recebido recursos via Pereira, empresário do ramo de construção civil residente em Piracicaba. A lista teria sido indicada pelos Vedoin a Pereira, cujo contato direto seria com o próprio Negri.

Também em juízo, o funcionário da Planam (principal empresa do esquema sanguessuga), Ronildo Medeiros, declarou nesta semana que Pereira esteve em Cuiabá (MT) na segunda quinzena de agosto para cobrar uma suposta dívida de propina decorrente da sua atuação favorável ao esquema chefiado pelos Vedoin.

A Justiça tem cópia de nove cheques cuja soma é R$ 421,2. Três deles (R$ 30 mil cada um) foram emitidos em janeiro de 2003; outros quatro (R$ 199 mil) em fevereiro; e mais dois, no valor de R$ 132,23 mil, em dezembro de 2003. Os cheques foram entregues a Pereira como pagamento de propina, segundo Luiz Antonio, que resolveu suspender o pagamento antes deles serem descontados.

A Polícia Federal vai ouvir Abel Pereira na próxima segunda-feira, a partir das 9 horas, em Cuiabá. Ele é investigado no inquérito que apura a compra do dossiê que comprometeria os tucanos José Serra (governador eleito de São Paulo) e Geraldo Alckmin (presidenciável do PSDB).

Antero

Assim como o filho, Darci Vedoin, no primeiro depoimento prestado após o aditamento das denúncias, confirmou que esteve no gabinete do senador tucano Antero Paes de Barros para tratar de emendas ao Orçamento da União. As emendas também beneficiariam a Planam.

Vedoin teria acertado o pagamento de 10% sobre o valor da "cota-parte" de Paes de Barros, candidato derrotado ao governo de Mato Grosso, na emenda de bancada que contemplou quatro municípios do Estado com unidades móveis de saúde adquiridas da Planam.

Pela primeira vez em juízo, os Vedoin sustentaram que o parlamentar pediu que a propina (R$ 40 mil) fosse repassada diretamente ao deputado federal Lino Rossi (ex-PSDB/ PP).

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