Triplo assassinato no Jardim Holandês

Vingança e dívida de drogas podem estar por trás do triplo homicídio cometido por volta de 1h de ontem, em um mocó, na Rua Luiz Telles de Souza, próximo ao campo de aviação, no Jardim Holandês, em Piraquara. Gelson Lara da Luz, 19 anos, Cleverson Bruno Mendes, 16, e Emyle Souza Passos, 15, estavam na cama e foram executados com vários tiros na cabeça.

O barraco, de aproximadamente 5 metros quadrados e dividido em um quarto, cozinha e um pequeno banheiro, estava completamente bagunçado. No armário, havia uma dezena de garrafas de cachaça vazias e restos de comida.

Gelson morava na vila há bastante tempo. Emyle e Cleverson tinham fugido de Pinhais, há cerca de 15 dias, para morar com Gelson, segundo suas famílias contaram na delegacia.

Fábio Alexandre
Adolescentes fugiram para o Jardim Holandês.

“Não sabia com o que ela estava envolvida, mas sabia que era ameaçada. Ela disse que a gente não poderia mais morar em Pinhais”, contou a mãe da garota. Os parentes de Cleverson disseram que não sabiam em que tipo de situação ele estava envolvido, mas também estava fora de casa.

Assassino

As primeiras informações recebidas pelo delegado Osmar Feijó, da Delegacia de Piraquara, são que um rapaz, identificado como “Boca”, ameaçava a garota. “Segundo testemunhas, o irmão do ‘Boca’ foi assassinado há alguns dias, e a Emyle estaria envolvida nesse crime, além disso, havia dívidas de drogas”, contou.

O delegado Feijó já entrou em contato com o delegado Agenor Salgado, da delegacia de Pinhais para colher informações sobre o “Boca”. “Nossas equipes estão fazendo buscas nos bairros Vargem Grande e Maria Antonieta, para tentar localizar esse rapaz e pedir a prisão preventiva”, completou. “Supostamente, o assassino estava atrás da garota e os outros morreram por estarem dormindo junto”, finalizou.

Terra de ninguém

Viúva há pouco mais de um mês, Bernadete, com um filho de dois anos no colo e um recém-nascido em casa, lamentou a morte de Gerson. “Ele era amigo do meu marido, que foi assassinado no mês passado”, lamentou.

Segundo ela, o Jardim Holandês precisa de ajuda. “Quando matam alguém, a polícia invade a vila e várias viaturas são vistas, mas, nos outros dias, mesmo quando a gente chama, eles nunca aparecem”, contou.

Outra moradora, que não quis se identificar, disse que uma morte chama a outra. “Pode esperar, essa história não vai acabar por aí. Com certeza já tem alguém planejando uma vingança por esses crimes”, completou.

Outro

Na terça-feira, por volta de 21h30, na Rua Ondina Soares Luz, Rafael Pereira da Silva, 29 anos, foi ferido com um tiro e encaminhado ao Hospital Cajuru, onde morreu no início da madrugada.

“Familiares disseram que ele era encrenqueiro e costumava arrumar confusão com a vizinhança. No entanto, mesmo sendo no mesmo bairro, não há relação com o triplo homicídio”, completou o delegado Osmar Feijó