A ira inexplicável de três garotos causou a destruição da escola municipal O Ateneu, em Campo Largo, no final de semana. As aulas foram suspensas nesta segunda-feira (3) para que os funcionários pudessem limpar as salas e torná-las seguras novamente para os 350 alunos do ensino fundamental.
Odair Machado, 19 anos, e dois irmãos de 11 e 15 anos, invadiram o terreno da obra da cancha da escola no final da tarde de sábado (1). Eles pegaram instrumentos dos pedreiros e pularam para a escola, que fica na Rua Dom Pedro II. Depois de arrombar a porta da biblioteca, eles destruíram mais de 50 janelas, rasgaram materiais didáticos e quebraram parte do encanamento da escola.
O trio ainda desmontou, a marteladas, um retroprojetor que a escola ganhou do programa Pro Info, do Governo Federal, há menos de uma semana. O aparelho seria utilizado ontem pela primeira vez. Os vândalos fugiram levando dois aparelhos de som e um DVD.
Minutos depois, moradores da região viram os garotos ouvindo música em uma praça próximo à escola, e acionaram a Guarda Municipal. A equipe abordou o trio, apreendeu os irmãos e prendeu Odair assim que encontrou as placas de patrimônio presas nos eletrônicos.
Odair declarou que cometeu o crime porque recebeu ordens de um dos adolescentes, que queria pegar o rádio para trocar por drogas na casa de um traficante. Ele não soube explicar porque a escola foi destruída.
Dedicação
A diretora da escola, Ana Cristina Schumidt Gelinski, não acreditava no que via. “Parece que eles estavam tomados, para quebrar tanta coisa com tanta ira. Dói muito no coração… é como se fosse uma parte da casa da gente sendo destruída”, desabafa.
De acordo com ela, os vândalos são ex-alunos. Dois deles receberam aulas em uma classe especial, já que apresentavam dificuldades de aprendizagem. Por várias vezes, ela acionou o Conselho Tutelar da cidade para pedir ajuda aos três.
Eles faltavam às aulas, consumiam drogas e os pais eram negligentes. Duas irmãs de Odair ainda estão matriculadas no O Ateneu, mas não freqüentam a escola. “Ficamos vários anos tentando ajudá-los, mas nessas horas você vê que não tem mais força”, lamenta.
Ontem os funcionários da escola trabalharam para refazer o encanamento e retomar o abastecimento de água. Eles retiraram os cacos de vidro de todas as salas e consertaram a biblioteca para que hoje as aulas possam ser retomadas com segurança.