Violência

Tensão chega ao 11º Distrito Policial, na CIC

Diante de todas as fugas e confusões dentro de carceragens, um dos distritos ainda mantêm a ordem desde 2011: o 11º Distrito Policial (Cidade Industrial). A unidade possui uma das maiores cadeias de delegacias de Curitiba e exige dos policiais muita atenção. Nesta semana, o olhar atento dos investigadores barrou quase 30 celulares e mais de 700 gramas de drogas.

Na madrugada de quarta-feira, um adolescente, de 15 anos, foi apreendido com 270 gramas de maconha, 40 gramas de cocaína, 12 celulares, carregadores para os aparelhos e chips, etiquetados com apelidos dos presos que deveriam receber os telefones. Dois dias antes, em revista à carceragem, policiais tinham recolhido 15 celulares e 400 gramas de maconha.

O garoto e um adulto chegaram de táxi ao DP. A dupla tinha acabado de pular o muro da delegacia, quando foi flagrada. O adulto conseguiu escapar. O adolescente contou aos policiais que receberia R$ 200 pelo “serviço”. A dupla chegou de táxi. Durante a abordagem ao adolescente, o celular do jovem tocou e um policial atendeu a ligação. A voz masculina do outro lado da linha perguntou “quanto era” para liberar o garoto, que ficou detido.

Medo

Os policiais têm notado atitudes estranhas dos presos. Ao contrário da barulheira e dezenas de pedidos aos policiais, os presos estão quietos. Acostumados a reclamar da superlotação, esta semana nem ligaram para a entrada de mais gente nas celas. Além disto, alguns pedaços de ferros tirados das lajes não têm sido encontrados pelos nos pentes-finos.

O distrito, que comporta cerca de 30 presos, estava com quase 170 anteontem. Há cerca de três meses, a entrada de mais gente não estava sendo permitida e não passavam de 140 presos. Mas, diante das confusões em outros distritos, o 11.º DP, interditado desde 2012 e impedido pela Justiça de receber presos e obrigado a esvaziar as celas, se viu obrigado a receber detidos dos outros distritos. Os 20 homens que vieram do 12.º DP, em Santa Felicidade, em dezembro, quebraram todas as câmeras de segurança que monitoravam o interior da cadeia.

Melhora na estrutura dá resultados

O delegado titular do 11.º DP, Wallace de Oliveira Brito, informou que o delegado da Divisão da Capital, Walter Barufi, tem feito contato frequente para saber a situação da carceragem e providenciar transferências. Brito acrescentou que a alta rotatividade de presos, entrando e sendo transferidos, têm impedido que tenham tempo de planejar fugas. “Os mutirões carcerários também têm ajudado”, ressaltou Brito.

O delegado e policiais citaram a reforma feita em 2011, para humanizar o atendimento, como fator que disciplinou a carceragem. A cadeia foi pintada; recebeu mais exaustores; médicos e dentistas eram levados toda semana para tratar os presos; visitantes passaram a ver os parentes sem algemas, para se abraçarem e um pedaço de pátio foi cercado para banho de sol dos internos, entre outras medidas.

“Exigimos mais disciplina. A reforma da fiação elétrica permitiu um disjuntor para cada cela. Quando algum preso bagunçava, desligávamos a luz só da cela dele”, contou o superintendente Eliott Cabral, que hoje está no 2.º DP, mas com o delegado Dirceu Schactae deu conta da obra na época, com o Fundo Rotativo da Polícia Civil.

Mesmo a Polícia Civil não ter interesse em reformar carceragens, para não estimular o recebimento de presos, o delegado Wallace Brito confirmou que mantém a disciplina na cadeia e faz pequenas reformas constantemente, para manter a ordem. Ao contrário do 11º DP, o 9º DP, no Santa Quitéria, está com três, das quatro celas quebradas e sem previsão de reforma. Todos os detentos estão amontoados em apenas uma cela.