Mortes de homossexuais

Serial killer de Curitiba deixava sua “assinatura” na cena do crime; veja detalhes do depoimento à polícia

O suspeito de ser um assassino em série foi preso em Curitiba. Foto: Reprodução/RPC

Um laudo psicológico da Polícia Civil do Paraná aponta que o suspeito de matar três homossexuais no último mês pode ter mesmo perfil de serial killer. O modo de agir de José Tiago Correia Soroka, 33 anos, preso na manhã de sábado (29) em uma pousada no Capão Raso, em Curitiba, tinha uma espécie de assinatura nas cenas dos crimes. O acusado confessou em depoimento que trancava por fora a porta das residências das vítimas. Antes de sair do local, ele também recolocava a roupa nos homens que matava e os deixava deitados sobre a cama. 

De acordo com o delegado Thiago Nóbrega, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os detalhes sobre os crimes foram dados em depoimento. O acusado confessou somente os crimes conhecidos pela polícia. “Ele disse que se reservaria ao direito de ficar em silêncio sobre outros possíveis crimes. Deu a entender que os motivos para isso era porque as histórias mexiam com o emocional dele. O laudo aponta que ele possa ter problemas com a homossexualidade”, explicou o delegado.

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De acordo com o depoimento, Soroka agia com perfis falsos em aplicativos de relacionamento. Ele escolhia as vítimas de modo semelhante. “Homens que moravam sozinhos e preferiam manter sigilo”, disse Nóbrega. Ao chegar na residência, segundo a polícia, Soroka já ia pronto para cometer os crimes. Ele matava para roubar. Segundo o depoimento, quando a vítima não reagia, o golpe de mata leão era aplicado com a pessoa só desmaiando, para depois ele cometer o roubo. Mas, se reagisse, a vítima acabava morrendo. “Antes de aplicar o mata leão, ele pedia para a vítima tirar a roupa e virar de costas”, explicou Nóbrega.

O laudo psicológico da perícia, obtido pelo jornal Boa Noite Paraná, da RPC, aponta que o fato de Soroka colocar a roupa no cadáver e trancar a porta da residência por fora indica que isso acaba sendo uma assinatura na cena do crime. “Após matar sua vítima, recoloca as roupas no cadáver e o deixa sobre a cama, como que para atestar que não houve relação sexual. Na sequência, ao sair do apartamento, tranca a porta por fora […], mantendo aqueles atos considerados reprováveis por si próprio metaforicamente escondidos, fechados, trancados […], podendo ser entendido como uma assinatura na cena do crime”, diz o texto do laudo.

A polícia diz que ainda vai apurar o contexto homofóbico dos crimes. O autor diz que o motivo era apenas o roubo, mas há indícios, segundo o delegado, que apontam para essa outra motivação. “Há um forte indício seguindo para esta linha”, finaliza Thiago Nóbrega.

Crimes

Segundo a Polícia Civil, o serial killer é o responsável pelas mortes do enfermeiro David Júnior Alves Levisio, 28 anos, no dia 27 de abril, e do estudante de medicina Marco Vinício Bozzana da Fonseca, de 25 anos, morto no dia 4 de maio. As duas vítimas são de Curitiba.

O serial killer também teria assassinado Robson Olivino Paim, no dia 16 de abril, em Abelardo Luz, em Santa Catarina. Ainda segundo a PCPR, no dia 11 de maio, o homem tentou matar mais um homossexual no Bigorrilho, em Curitiba. Na ocasião, a polícia disse que a vítima conseguiu resistir ao ataque, mas teve alguns bens roubados. O relato desta última vítima, segundo a polícia, foi fundamental para as investigações que resultaram na prisão do suspeito.