Vidas interrompidas

Vítimas de serial killer demonstravam amor pela vida e humor nas redes sociais

David, Marco e Robson, as três vítimas do serial killer. Fotos: Reprodução/Redes sociais.

As três vítimas de José Tiago Correia Soroka, de 33 anos, suspeito de matar homossexuais em Curitiba e Santa Catarina, mantinham perfis nas redes sociais. Dois perfis estavam abertos para o público, o do enfermeiro David Júnior Alves Levisio, 30 anos, e o do professor universitário Robson Olivino Paim, 36 anos. Os dois demonstravam ter carinho pela vida em suas postagens. Já o perfil do estudante de medicina Marcos Vinício Bozzana, 25 anos, está fechado. Porém, depoimentos sobre o estudante nas redes sociais de colegas o descrevem como dedicado e amoroso. Bozzana era de Campo Grande (MS) e estudava na capital paranaense. Após as mortes, os comentários atuais em postagens antigas pedem força para as famílias.

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O enfermeiro e o estudante foram mortos em Curitiba, em 27 de abril e 4 de maio, respectivamente. O professor morreu em Abelardo Luz (SC), em 16 de abril. O suspeito segue foragido pela polícia, com mandados de prisão em aberto. Para a Polícia Civil (PCPR), os crimes em sequência indicam um perfil de serial killer.

Segundo a PCPR, que investiga os casos, as escolhas de Soroka para agir levavam em conta algumas características das vítimas. Elas eram homossexuais, com uma boa condição financeira e moravam sozinhas. Segundo o delegado Thiago Nóbrega, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a descoberta do suspeito foi possível após uma denúncia que chegou até a polícia no dia 11 de maio. Uma possível quarta vítima de Soroka, um arquiteto morador de Curitiba, teria escapado de um mata-leão que o serial killer tentou aplicar. Nóbrega contou que Soroka chegou ao apartamento com educação e pediu que a vítima tirasse a roupa. Ao ficar de costas, o rapaz foi surpreendido por Soroka que tentou esganá-lo. Mas, por ser forte, conseguiu lutar e sobreviver. 

Mensagens de carinho nas redes sociais

De acordo com informações sobre as vítimas, o enfermeiro David Junior Alves Levisio, sonhava em ser médico e trabalhava na linha de frente contra a covid-19. Nas redes sociais, no domingo (16), a sua irmã Pablicia Levisio Costa postou informações da Polícia Civil em sua página no Facebook. Ela pedia justiça pela morte do irmão. Uma postagem antiga de David Levisio na rede social, com o texto “Já dizia Albert Einstein: “Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia: A vontade. E aí, bora viver?”, demonstra o apreço dele pela vida. A página do Facebook dele tem recebido muitas mensagens de carinho.

O perfil do estudante Marcos Vinício Fonseca, não é aberta público. Ele era aluno da turma 79 da Medicina da PUCPR. As mensagens de pesar pela morte do estudante aparecem nas redes sociais de colegas. O Centro Acadêmico Mário de Abreu, postou que Fonseca era “muito querido entre professores e alunos”.

A primeira vítima que Soroka teria matado, Robson Paim, também demonstrava humor cheio de vida e era bem ativo nas redes. Em uma postagem do dia 14 de abril, Paim publicou um texto que brinca com as pesquisas acadêmicas e científicas. “Estudos comprovam que todas as cidades têm uns lote pra carpir”, escreveu, provavelmente ironizando os “chatos da internet”. No dia 22 de abril, o curso de Geografia da Universidade Federal da Fronteira (UFSS) homenageou o professor.

Suspeito está foragido

A Polícia Civil solicita a colaboração da sociedade com informações que auxiliem na localização do procurado. As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos telefones 197 da PCPR, 181 Disque Denúncia ou pelo 0800-643-1121, diretamente à equipe de investigação.