Pichações e uso de drogas

Prédio vira abrigo de marginais em Curitiba

Vários andares e nenhuma segurança. As janelas estão caindo, a fiação elétrica foi roubada e pelo chão estão dispostas várias latas utilizadas para o consumo de crack.

A porta da frente do prédio, que fica na esquina entre a Rua Mateus Leme e a Lysimaco Ferreira da Costa, no Centro Cívico, em Curitiba, está aberta, possibilitando a entrada de qualquer pessoa.

Vários moradores de rua e usuários de drogas frequentam o prédio desde 29 de abril, quando o contrato de locação da Companhia de Informática do Paraná (Celepar) foi encerrado e a equipe de segurança parou de monitorar a região.

Toda a estrutura de trabalho da instituição foi removida ainda em dezembro do ano passado para outro prédio, que fica entre a Rua Nilo Peçanha e a Mateus Leme.

A chave do prédio foi entregue para a Justiça, porque o proprietário pediu uma indenização superior à que foi paga pela Companhia devido às alterações feitas na estrutura do estabelecimento durante o período da locação.

Não houve acordo e o processo ainda tramita na Justiça. De acordo com a Celepar, enquanto o processo estiver em andamento, a manutenção e a segurança do prédio já são de responsabilidade do proprietário.

Insegurança

Quem mora ou trabalha próximo ao local tem sofrido as consequências da violência gerada pelo abandono do prédio. De acordo com o funcionário de uma loja que fica na mesma rua, na última segunda-feira, policiais militares entraram no edifício para remover mendigos.

Quando perceberam que seriam presos, os moradores de rua usaram uma mangueira de incêndio para fugir pelo lado de fora. “Já tentaram roubar uma moça na frente da loja, e ela entrou aqui correndo para pedir socorro. Mesmo trabalhando apenas durante o dia, vemos até casais entrando no prédio para manter relações sexuais. Virou ponto de encontro dos marginais”, conta.

Assim como este funcionário, uma senhora que mora em frente ao prédio não quis se identificar por medo de represálias, mas declara que sente medo. “É constante. Eles entram, ficam, e nós não temos como nos proteger. Durante a noite não conseguimos dormir com o barulho que eles fazem carregando tudo. Quando chegamos ou saímos de casa entramos em desespero, com medo de roubos”, desabafa.

Ela garante que já procurou a prefeitura para pedir pelo menos o isolamento do trecho, já que vidros e objetos são jogados para fora das janelas, podendo atingir qualquer transeunte, mas não obteve resposta. O proprietário do terreno não foi encontrado para comentar o caso.

Anderson Tozato
Sujeira, fiação elétrica roubada e latas para consumir crack no local.