Os moradores dos bairros Pinheirinho, Capão Raso, Atuba e Bairro Alto, em Curitiba, foram surpreendidos, nos últimos dias, pelo anúncio do fechamento de unidades da Polícia Militar do Paraná (PMPR) nessas regiões. No Capão Raso, a 3ª Companhia do 13º Batalhão será desativada. Já no Bairro Alto, o módulo policial da Praça Liberdade também encerrará as atividades.

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A presença de sedes administrativas da corporação garante o movimento de viaturas e de oficiais ao longo do dia, o que, segundo os moradores, contribui para a sensação de segurança. O receio agora é que com a retirada desses espaços, o policiamento deixe de ser efetivo.

“É incompreensível que tirem justamente o único ponto de segurança que temos em toda a região. Não faz sentido enviar reforços para bairros que já contam com policiamento ativo, enquanto o nosso, com áreas de vulnerabilidade conhecidas, é deixado à própria sorte”, escreveu uma moradora do Bairro Alto, que prefere não se identificar.

Na região leste da cidade, moradores iniciaram um abaixo-assinado pedindo a permanência do módulo policial da Praça Liberdade, no Bairro Alto. Simultaneamente, no Capão Raso, os moradores levantaram a hashtag #Fica3aCIA pedindo a continuação da companhia, que cobre também os bairros Novo Mundo, parte do Pinheirinho e do Xaxim.

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Para o Conselho Comunitário de Segurança Capão Raso (Conseg), a medida é um retrocesso. “Essa decisão compromete diretamente a eficácia da segurança pública na zona sul da cidade, região que foi contemplada em 2017 com uma estrutura própria por reunir condições técnicas e comunitárias para isso”, afirmou o presidente do conselho, Roberto Kuss

Segundo ele, desde a instalação, a unidade proporciona policiamento mais ágil, presença constante nas ruas e vínculos mais próximos com moradores e comerciantes.

Polícia Militar afirma que estão sendo realizadas “novas adequações”

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A Tribuna do Paraná questionou a Polícia Militar sobre os motivos do fechamento das unidades e sobre possíveis compensações no policiamento, mas não obteve um posicionamento institucional em um primeiro momento. Após novo contato, a corporação afirmou apenas que “estão sendo feitas novas adequações” e que o policiamento preventivo continuará sendo realizado normalmente nas regiões afetadas.

Na segunda-feira (29), representantes dos Consegs participaram de uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) para entender as razões das mudanças. A deputada estadual Márcia Huçulak (PSD) e o vereador Tico Kusma (PSD) também estiveram presentes.

Na reunião, foi informado que as alterações fazem parte de um plano de reestruturação do 1º Comando Regional da PMPR, responsável por Curitiba, Região Metropolitana (RMC) e o Litoral. A proposta, segundo a Sesp, visa reduzir o número de companhias dos batalhões para ampliar a presença de policiais nas ruas. 

“O que nos foi informado é que o objetivo é aumentar a performance operacional e reduzir as estruturas administrativas, para ampliar a presença de policiais nas ruas. Para manter uma companhia em funcionamento, são necessários pelo menos 12 policiais apenas para as funções administrativas e operacionais. Com a reestruturação, esse efetivo seria redistribuído, com mais policiais disponíveis para o patrulhamento”, disse o vereador Tico Kusma.

A reestruturação antecede a criação dos novos batalhões da PM, instituídos por decreto em julho. Na capital, foi criado o 33º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo no centro da cidade. Na RMC, o 34º Batalhão, com sede em Almirante Tamandaré, atenderá municípios como Campo Magro, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Itaperuçu e Rio Branco do Sul.

Ainda durante a reunião, representantes da Sesp asseguraram que os bairros continuarão sendo atendidos normalmente. Para o vereador Tico Kusma, a presença policial nos bairros é importante para a comunidade. “Para nós, que estamos ali do lado (no bairro), essa presença mais constante da polícia, com viaturas chegando e saindo, faz diferença. Nos garantiram que as rondas e patrulhas vão continuar, mas agora com as sedes um pouco mais distantes dos bairros”, afirmou.

Medida permanente?

Mesmo com as explicações da Sesp, os Consegs das regiões reforçam que a retirada das unidades impacta diretamente na vida cotidiana dos bairros. “Somos favoráveis ao fortalecimento da segurança no centro da cidade, desde que isso não comprometa o direito à proteção de milhares de cidadãos que residem em bairros periféricos, igualmente vulneráveis e com alta demanda por policiamento”, afirmou Roberto Kuss.

Na quinta-feira (31), um novo encontro com os Consegs foi realizado para debater alternativas ao fechamento. A recomendação dos representantes locais segue sendo a permanência da 3ª Companhia no endereço atual, com o objetivo de manter a efetividade do policiamento na região. Até o momento, no entanto, não houve novo posicionamento oficial sobre essa possibilidade.

Para o presidente do Conseg, a decisão, além de prejudicar a segurança, demonstra falta de diálogo com a comunidade. “Somos voluntários e entendemos que trabalhamos para dar nossa contribuição por uma Curitiba melhor e mais segura para todos. Junto aos vereadores, precisamos interceder por nós junto ao poder executivo”, finalizou.

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