ESCOLHA DIFÍCIL

O que pais de primeira viagem precisam conferir antes de matricular o filho?

Foto: Giuliano Gomes.

Desde o ano passado, é obrigatória a matrícula de crianças com 4 anos na escola (completos até 31 de março do ano da matrícula), ou seja, elas entram ainda na Educação Infantil. Muitos pais de primeira viagem ficam perdidos na escolha da escola. Qual é melhor? O que eu tenho que observar? Já que é só educação infantil, tanto faz qualquer escola? Existem diferentes métodos pedagógicos? Qual deles é o mais adequado pro meu filho? Escolho pela metodologia pedagógica, pelo preço ou pela proximidade de casa? São muitos questionamentos. E como os períodos de matrículas já estão abertos na maioria dos estabelecimentos, a Tribuna te dá uma ajudinha com isso.

A professora Maria Lúcia Castellano, diretora do Centro de Educação Infantil (CEI) do Colégio Dom Bosco, de Curitiba, mostra que um bom ponto de partida é pedir indicações de pessoas conhecidas, amigos e familiares. Muitas vezes, quando a criança possui algum problema específico (distúrbio da fala, desenvolvimento motor, alguma habilidade ainda não desenvolvida, etc), até mesmo a opinião e indicação dos médicos pediatras podem ser relevantes. Assim, é importante que a escola também esteja aberta ao diálogo com os profissionais da saúde.

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Depois de uma filtragem prévia (considerando as indicações, buscas pela internet, localização, entre outros itens), a recomendação é visitar as escolas. Algumas preferem que o horário seja agendado, não porque querem esconder coisas dos pais, mas porque assim podem organizar toda a equipe para estar disponível a conversar com os pais. Mas Maria Lúcia aconselha visitar no máximo umas três escolas. Como cada uma terá seus pontos positivos e negativos, visitar muitas deixará os pais perdidos na hora de escolher. E é importante que o pai e a mãe visitem o local juntos, para que troquem suas impressões.

Os pais não podem ter vergonha de perguntar. “Quem leva ao banheiro, como a fralda é trocada, se os trocadores são esterilizados com frequência, como funciona a adaptação da criança à escola, se há um guia com orientações para a adaptação. Tem que perguntar tudo mesmo”, diz a professora.

A visita

A observação começa desde o momento que os pais chegam na frente da escola. O ideal é ir quando o local está em atividade, para observar o comportamento das crianças, se elas estão bem, felizes, motivadas ou tristes, se há crianças sozinhas no pátio. “Criança bem atendida é aquela que sempre tem alguém cuidando, não necessariamente grudada a ela, mas sempre supervisionando”, aponta Maria Lúcia.

Nos berçários, verifique como é controlado o acesso. A formação dos professores e a rotatividade deles na escola também é importante. Professores que não “fixam” no local, ou escolas que utilizam muitos estagiários, ainda sem experiência, são fatores que geram insegurança nas crianças.

Foto: Giuliano Gomes.
Foto: Giuliano Gomes.

Estrutura

Para a saúde física e mental das crianças, os ambientes devem ser sempre limpos e arejados. De nada adianta um espaço maravilhoso, mas sem janelas. “Veja como são os espaços para atividades internas, como as salas de aula, e as externas recreativas, como o pátio, as salas para ballet, judô, música e artes. Pergunte como e com que frequência é feita a higienização dos banheiros, pergunte quantas vezes por semana as salas são limpas”, aconselha a professora.

Ela ainda considera importante ver como é a segurança: se os brinquedos existentes estão adequados ao tamanho das crianças, se o espaço de circulação é seguro e uma criança pequena tem condições de circular ali sozinha, se há degraus ou pisos escorregadios. A vigilância e segurança dos acessos é primordial para se evitar algum sumiço: há vigilância lá fora? Há controle de entrada e saída na portaria? As famílias são acompanhadas nas entradas e saídas?

Linha pedagógica

Existem muitas linhas pedagógicas diferentes e esse é outro fator que coloca os pais numa “encruzilhada”. As principais, usadas no Brasil, são a comportamentalista, construtivista, democrática, freiriana, montessoriana, tradicional e waldorf. A escolha vai depender de como as famílias decidiram educar suas crianças em casa, se são pais mais conservadores, mais liberais, mais naturalistas, etc. Uma busca na internet, em sites confiáveis, ou o bate-papo com uma pedagoga ajuda a desvendar cada uma destas linhas.

Mas, independente da linha pedagógica, explica a professora Maria Lúcia, do Dom Bosco, o currículo escolar é o mesmo para todas as escolas. O Ministério da Educação define qual é o conteúdo obrigatório a ser ministrados por todos os estabelecimentos de ensino. A forma como elas vão aplicar o conteúdo vai depender de qual a linha pedagógica que seguem.

“Escola não é só um lugar para brincar enquanto os pais trabalham. Ela tem que proporcionar uma base de formação escolar, construir conceitos, valores e habilidade para o processo de alfabetização que virá mais tarde. Escola bonita só pra pai ver não funciona. Tem que ter atividades e convivências variadas. Se a família sentiu-se acolhida, se houve a empatia com os profissionais, se sentiu-se bem e segura lá dentro, está feita a escolha. O objetivo é ter crianças felizes na sua passagem pela educação infantil”, analisa a diretora do CEI Dom Bosco.

O que observar na escola?

Educação infantil (0 a 5 anos)

– A instituição tem autorização de funcionamento expedida pela Secretaria Municipal de Educação?
– O alvará sanitário está afixado em lugar visível?
– A instituição tem proposta pedagógica em forma de documento?
– Reuniões e entrevistas com familiares são realizadas em horários adequados à participação das famílias?
– Há reuniões com familiares pelo menos três vezes por ano?
– Os familiares recebem relatórios sobre as vivências, produções e aprendizagens pelo menos duas vezes ao ano?
– A instituição permite a entrada dos familiares em qualquer horário?
– Existe local adequado para receber os pais ou familiares? E para aleitamento materno?
– As professoras têm, no mínimo, a formação em nível médio, magistério?

– Há no mínimo uma professora para cada agrupamento de:

* 6 a 8 crianças de 0 a 2 anos?
* 15 crianças de 3 anos?
* 20 crianças de 4 até 6 anos?
– As salas de atividades e demais ambientes internos e externos são agradáveis, limpos, ventilados e tranquilos, com acústica que permite uma boa comunicação?
– O lixo é retirado diariamente dos ambientes internos e externos?
– A instituição protege todos os pontos potencialmente perigosos do prédio para garantir a circulação segura das crianças e evitar acidentes?
– A instituição tem procedimentos preestabelecidos que devem ser tomados em caso de acidentes?
Fonte: Ministério da Educação