Com um casaco sobre a cabeça, Silvana Aparecida Martins, de 43 anos, parece se envergonhar de estar presa. Ela foi flagrada na tarde de terça-feira com praticamente 40 quilos de maconha divididos e já embalados para venda. Além do entorpecente, ela também estava de posse de um Polo prata com alerta de roubo desde o dia 20 de julho.
Os tabletes de maconha são de vários tamanhos. “Isso mostra que a venda era no atacado e no varejo. Tem embalagem de um quilo, de 400 gramas, 300 gramas. Ao que parece a ideia era atender a vários públicos diferentes”.
A explicação é do delegado Hormínio de Paula Lima Neto, titular do 5º Distrito Policial de Curitiba. Segundo ele, tudo começou com uma denúncia anônima sobre a localização do automóvel. “Nós fomos avisados de que o Polo estaria em São José dos Pinhais e partimos para uma diligência. Quando a equipe conseguiu encontrar o carro, tentou fazer a abordagem, mas nessa hora a motorista fugiu”.
Ao todo, havia quatro pessoas dentro do veículo. A perseguição foi longa e só terminou no litoral do Estado. “Em uma curva eles se perderam e bateram o carro. Nessa hora um suspeito conseguiu fugir e, pra trás, ficaram a Silvana, uma outra mulher grávida e um homem”. Além de estar com placas clonadas, o Polo estava com o chassi adulterado.
“A investigação não parou por aí porque nós já sabíamos que esse carro estava sendo usado para entregar droga, então fomos até a casa da suspeita”, conta o delegado. Nada foi encontrado no imóvel, mas, no local, um informante alertou a polícia sobre a residência do filho dela, que ficava próxima. “No caminho até essa outra casa, antes mesmo de chegarmos, ela já confessou que tinha droga lá”.
“A bronca é minha”
Silvana assumiu, sozinha, a responsabilidade pelo entorpecente, que estava guardado em uma mala de viagem. Já o carro ela diz que comprou de um rapaz por R$ 6 mil. “Eu ia pagar pra ele quando ele trouxesse os documentos, mas não deu tempo”. Questionada, ela não soube explicar a razão pela qual comprou um carro como aquele por um valor tão baixo. A mulher – que já tinha passagem por tráfico – foi autuada por tráfico novamente e por receptação.
Crime em família
A casa do filho de Silvana estava alugada em nome dela. “Eu aluguei pra ele viver com a mulher e a filha, mas eles não têm nada a ver com isso”, defende. Para a Polícia, no entanto, tanto o rapaz quanto o marido dela, que também tem passagem por tráfico e roubo, estão envolvidos. “Nós já sabemos quem são os sócios dessa empreitada criminosa e temos testemunhos que colocam o companheiro da Silvana dentro da cena do crime”, esclarece o delegado. Além de amargar o prejuízo pela maconha apreendida, o casal também deve passar um tempo atrás das grades.
Outros suspeitos
As outras duas pessoas que estavam com ela no carro foram ouvidas e liberadas, o que não significa que estão livres. “Eu ainda estou analisando o material que nós temos em mãos e só depois disso é que vou decidir se eles também vão ser indiciados”.
A polícia também busca descobrir se eles agiam somente em Curitiba, mais especificamente no bairro Bacacheri e arredores, ou se também abasteciam com drogas o litoral paranaense.