Fim da rua!

Moradores de condomínio gigante em Curitiba sofrem com falta de água: “Banho só na caneca”

São 34 blocos com quatro pisos, sendo 16 unidades por bloco. Foto: Reprodução/Google.

A funcionária pública municipal Valéria Brito, 39 anos, síndica de um condomínio no bairro Santa Cândida, em Curitiba, fez um apelo inusitado para tentar sanar o problema no abastecimento de água que atormenta seus condôminos desde agosto do ano passado. Segundo ela, quando acaba o rodízio da Sanepar, a água não volta para abastecer as caixas d’água do residencial por causa da falta de pressão na rede, algo que não ocorria antes.

Indignada, a síndica escreveu uma carta endereçada aos veículos de comunicação para contar o drama de sete meses vivido pelos cerca de 1,6 mil moradores do local, que fica na Rua Alberto Otto, número 1316. A síndica do Cedros Residencial diz que vários protocolos foram abertos na Sanepar, mas ninguém resolve o problema.

O apelo da síndica chegou à reportagem na segunda-feira (29). No texto, a Valéria Brito diz que o condomínio possui três caixas d’água de 100 mil litros cada. E que antes de agosto de 2020 o abastecimento corria normalmente no residencial. Mas, de lá para cá, tudo mudou. O condomínio existe desde dezembro de 2016. São 34 blocos com quatro pisos, sendo 16 unidades por bloco. “Antes da crise hídrica, era raro faltar água. Tínhamos problemas na nossa estrutura, mas resolvemos”, conta a síndica, ressaltando que já abriu vários protocolos na Sanepar para tratar do assunto. 

Ainda na carta, a Valéria Brito conta que trabalha nos serviços essenciais da prefeitura e que só consegue chegar em casa e tomar um banho quando faz uma reserva de água. “Água é um direito fundamental. Trabalho nos serviços essenciais, ainda não recebi a vacina, saio do plantão de risco, chego em casa e não tem uma gota de água na torneira. Temos cadeirantes, idosos, parturientes, profissionais da saúde morando aqui. São trabalhadores que se expõem todos os dias e não tem direito de lavar as mãos ao chegar em casa, tomar um banho decente. Só banho de caneca”, reclama. “É extremamente humilhante, vergonhoso e triste”, ressaltou.

Valéria Brito conta que trabalha nos serviços essenciais da prefeitura e que só consegue chegar em casa e tomar um banho quando faz uma reserva de água. Foto: Colaboração.

A síndica diz que a Sanepar já mandou técnicos para avaliar o caso, engenheiros, mas até agora não resolveram. “Estou sabendo que estamos no final de rede, que isso pode ser um problema, mas resolvi escrever um apelo para mostrar a nossa situação. É humilhante ficar sem água e não poder fazer a higiene pessoal, sendo que a culpa do desabastecimento não é nossa, e sim, da empresa”, diz a Valéria Brito.

Nesta terça-feira, inclusive, a síndica conta que a empresa desmontou o cavalete de entrada da água para manutenção e efetuaram uma obra em frente ao condomínio que fica próximo, na mesma rua, para regulagem de pressão. “Mas o problema segue sem solução ou garantia. Eles apenas pedem mais prazos para nós. Espero que o meu apelo, falando em nome de todos os moradores, chegue até eles”, finaliza.

E aí, Sanepar?

Segundo a empresa, o condomínio onde a Valéria Brito é síndica “é um ponto crítico de rede”. Em nota, a Sanepar explicou que, na segunda-feira (29), o abastecimento de água foi restabelecido parcialmente. E que, nesta terça-feira, o abastecimento foi restabelecido totalmente e o rodízio suspenso para que um monitoramento possa ser feito na região. A Sanepar também informou que está fazendo pesquisa de vazamento naquela região e analisando melhorias. Ainda conforme a empresa, a gerência está em contato com a síndica.