Nove mortos

Laudo aponta uma das causas da explosão na Enaex Brasil, em Quatro Barras

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

A Polícia Científica do Paraná (PCIPR) concluiu o laudo que investigou as causas da explosão na fábrica da Enaex Brasil, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. O documento aponta que as baixas temperaturas registradas no dia do acidente podem ter contribuído para a tragédia, que deixou nove trabalhadores mortos e outros sete ficaram feridos.

De acordo com o perito oficial Jerry Gandin, a mínima de 3 ºC registrada naquela manhã pode ter favorecido a solidificação da pentolite, mistura de TNT com nitropenta usada no carregamento dos busters, dispositivos de detonação produzidos pela empresa. 

“A substância poderia ter se solidificado nessa baixa temperatura, mesmo com a existência de um sistema de aquecimento. O material pode ter colidido contra as pás dos misturadores (base dos agitadores), e isso pode ter sido a causa da explosão”, explicou.

Metodologias complexas no pós tragédia na Enaex

O trabalho da PCIPR foi dividido em duas frentes simultâneas. A primeira concentrou-se na identificação das vítimas, utilizando o protocolo internacional DVI (Disaster Victim Identification), da Interpol, adotado em desastres de grandes proporções. 

Já a segunda frente investigou as circunstâncias da explosão, com recolhimento de vestígios espalhados pela área, análise de equipamentos, inspeção da estrutura atingida e estudo de documentos técnicos da fábrica.

Segundo o perito, a investigação exigiu metodologias mais complexas, como o método RCA (Root Cause Analysis), aplicado em acidentes industriais e aéreos. “É um trabalho que foge da análise tradicional da perícia. Nestes acidentes, não temos apenas uma causa. Nem sempre é só uma falha humana ou do equipamento, mas há a contribuição do clima, do tempo, do equipamento e dos operadores, e tudo isso pode contribuir para a ocorrência do acidente”, ressaltou. O laudo também traz recomendações de segurança voltadas a outras empresas do setor.

Inquérito ainda em andamento

Apesar de o laudo ter sido finalizado em tempo recorde, em 19 dias, o inquérito policial que apura o caso foi prorrogado por mais 30 dias. A delegada de Quatro Barras, Gessica Andrade, destacou que a extensão é necessária diante da complexidade do episódio e do volume de informações técnicas. 

A medida é essencial para que todas as diligências pendentes sejam realizadas com o devido rigor, garantindo que nenhuma hipótese seja descartada sem a devida verificação. O objetivo é entregar à sociedade e às famílias das vítimas um relatório final completo, embasado e responsável”, disse.

O material produzido pela perícia também servirá de base para o Ministério Público e para a Justiça. A identificação das vítimas foi concluída em apenas nove dias, graças ao trabalho de papiloscopistas, que analisaram impressões digitais e os vestígios.

Relembre o caso

A explosão aconteceu no dia 12 de agosto, pouco depois das 5h30, na unidade da Enaex Brasil (antiga Britanite), localizada no quilômetro 1 da BR-116 (Régis Bittencourt). Embora não tenha havido incêndio, moradores relataram ter visto fumaça no momento do impacto.

A área foi evacuada por causa do risco de novos acidentes, já que o local armazenava grande quantidade de explosivos. A fábrica, que integra um grupo presente em cinco continentes, opera 24 horas por dia. Em 2004, a mesma unidade já havia registrado uma explosão, que resultou na morte de dois trabalhadores. 

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