Momento nostalgia

Do Pogobol ao Ludo, pais buscam brinquedos clássicos para entreter os filhos na pandemia

Jogo de tabuleiro clássico dos anos 80, Detetive. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná.

A pandemia do novo coronavírus alterou o dia a dia das pessoas e com mais tempo dentro de casa, os pais estão buscando alternativas para entreter as crianças que estão sem as aulas presenciais. Uma boa forma de passar o tempo e ainda mostrar como eram as brincadeiras nas décadas passadas, os adultos de hoje estão comprando os jogos clássicos de tabuleiros e tantas outras diversões que fizeram parte da infância para apresentar para a nova geração. O aumento nas vendas nas lojas chegou a 60% e alguns produtos até estão em falta como o Pogobol, Ludo, as molas coloridas e até os quebra-cabeças.  

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O campeão de vendas no período é o Banco Imobiliário. O jogo surgiu em 1944 juntamente com o Pega Varetas e desde então é sucesso dentro das residências. Na sequencia na comercialização, aparecem os jogos Detetive, Cara a Cara, Jogo da Vida e os quebra-cabeças em geral. Além disto, bicicletas e patins também estão em alta, mas aí a compra é realizada especialmente para aqueles que possuem um espaço maior em casa com jardim ou até em condomínios fechados.

Denise Gomara Cavallin, 72 anos, é mãe de três filhos já adultos e vó de três netos. Na hora de comprar os presentes, fez questão de procurar algo bem familiar para esse momento de incerteza. Sem estar presente na hora de dar a lembrança devido a pandemia, ela relembrou dos momentos que passava mais tempo com os filhos brincando para incentivar o neto. “O Leonardo é o filho do Bruno, que adorava brincar e imaginei que meu neto também iria gostar de algo mais antigo. Ele é tão esperto que pega fácil o jeito de qualquer brinquedo. Aí decidi dar o Pula Pirata e o baralho Mico no aniversário de três anos, que foi em agosto. Recebi imagens que ele ficou bem contente e a vó aqui também”, comentou Denise, que guarda em casa vários passatempos dos filhos quando pequenos.

Pequeno Leonardo ficou contente ao ganhar o jogo Pula Pirata. Foto: colaboração.

Na loja Oba Brinquedos, o volume de vendas confirma esta boa procura. Só para ter uma ideia, no sistema delivery que a loja proporcionou aos clientes, alguns brinquedos como Dama e Ludo chegaram a não ter nem no estoque. Adriana Arenhart, gerente há dez anos da loja na Rua Augusto Stresser, no bairro Hugo Lange, acredita que isto aconteceu devido a ansiedade dos pais em buscar uma solução rápida para as crianças recolhidas dentro de casa. “Na compra a gente percebe até uma ansiedade, pois eles estão buscando uma boa distração e nada como recorrer a algo que conhece. Em um brinquedo novo, os pais precisam entender a dinâmica e isto pode se perder rapidamente ao lado da paciência. Uma atração que você já conhece é mais fácil de ensinar”, disse a experiente gerente.  

Outra linha que cresceu na quarentena foi a de brinquedos educativos, voltados para crianças com menos de 5 anos. Na Bumerang Brinquedos, a procura chegou a aumentar em 60% o número de vendas. Vanuza Garcia Silva, 34 anos, vendedora, relatou que os educativos estão tendo uma ótima procura, mas sempre tem a pergunta dos clássicos. “Banco Imobiliário e o WAR são os preferidos e tem boa saída. As crianças têm muito interesse em aprender e os pais ficam empolgados com o pião, amarelinha e quebra cabeças”, salientou Vanuza.

Momento família

Esta união dentro de casa seja com um jogo clássico ou até na confecção do próprio brinquedo é bem visto por educadores. Maria Francisca Vilas Boas Leffer, pedagoga e professora da Universidade Tuiuti do Paraná, considera que o momento é perfeito para que os pais fiquem mais próximos dos filhos e que entrem no imaginário das crianças. “Muitos jogos ou brincadeiras são atuais e elas não se perdem com o tempo. Isto é um acréscimo sem tamanho, um momento muito rico. A criança sente isto e ajuda na socialização que está sendo perdendo ao não ter a aula presencial. Cada brincadeira tem um significado para a criança e temos que entrar neste mundo do faz de conta”, completou Maria Francisca.

E então, bora desafiar a turma de casa na bolinha de gude? Ou prefere descobrir o responsável pela morte do Senhor Carlos Fortuna no jogo Detetive? Eu acho que foi o coronel Mostarda, na sala de jantar com o candelabro. Bom jogo e jogue os dados aí!