Eis o problema

Curitiba elege aglomerações informais como grandes vilãs no combate à covid-19

Depois de apresentar os números de casos e mortes por coronavírus em Curitiba e dar aquela já famosa bronca nos curitibanos, a secretária da saúde de Curitiba, Márcia Huçulak contou detalhes sobre a nova bandeira laranja. Ao invés das inúmeras restrições provocadas pela bandeira anterior, que ficou em vigor de 12 de junho a 18 de agosto, dessa vez trata-se de uma versão mais “light”.

O maior controle imposto pela bandeira laranja será em relação ao funcionamento de inúmeras atividades aos domingos, que tem por objetivo evitar que as pessoas saiam de casa sem necessidade. Clique aqui e veja o que vai e o que não vai abrir.

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Parques, academias e mesmo restaurantes, assim como o comércio em geral, deixaram de ser “vilões” na propagação do coronavírus (embora ainda tenham certas restrições). O que tem tirado o sono da SMS de Curitiba são os contágios entre familiares e por isso a nova bandeira laranja tem uma configuração diferente.

“A gente aprendeu. A gente tem claramente que o grande problema é aglomeração, mas pelo nosso monitoramento é o contágio intrafamiliar que preocupa. É alguém que sai pra fora e leva para casa em comemorações, aniversário, churrascos, almoços”, contou Huçulak. Por esse motivo, bares que apenas vendem bebidas alcoólicas como atividade principal seguem fechados.

A secretária citou o caso de uma família, que se reuniu para comemorar o dia dos pais, no começo de agosto. “Eu vou contar uma história de uma família, que no dia dos pais, dia 9 de agosto, foi para uma chácara para comemorar. Fizeram um churrasco e passaram o dia juntos. O resultado foi duas mortes até agora e outras cinco pessoas dessa famílias internadas na UTI”, lamentou Márcia, que durante o anúncio do boletim diário, chegou a se emocionar.

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De acordo com pesquisas realizada pela SMS, cerca de 10% dos jovens contaminados são assintomáticos. “Geralmente é o jovem, né? A gente observa muito esse perfil. 99% deles são quadros sem sintomas, mas eles transmitem para as demais pessoas”, disse, lembrando que durante a semana várias aglomerações foram observadas pela Prefeitura de Curitiba.

Ela voltou a pedir desculpas por insistir nas cobranças. “É muito chato. A gente vê que as pessoas estão exauridas. A prefeitura tem 1600, 1700 guardas municipais e nem que a gente colocasse todo o efetivo da GM e da Polícia Militar nós vamos dar conta de dois milhões de pessoas. A gente faz um alerta das aglomerações porque as aglomerações propiciam o contágio”, afirmou.

Pensar nos outros

A Prefeitura, por intermédio da Secretaria da Saúde, afirma que tem feito tudo possível para conscientizar as pessoas. “A prefeitura está fazendo um trabalho muito sério. Temos uma ação integrada, fizemos inúmeras operações, mas os nossos fiscais também estão cansado de apanhar, de ser xingado pelas pessoas que ficam indignadas com as nossas atitudes. Nós estamos cansados, não é prazeroso para nós ser fiscal das pessoas”, explicou Márcia.

“O que a gente tá perdendo é nossa solidariedade, nossa capacidade de viver em sociedade. Eu, por exemplo, se eu tenho diabetes e eu não me cuidar, sou só eu que vou me prejudicar. Agora na questão do vírus Sars-COV-2 é uma doença que afeta a sociedade. Temos um alto índice de transmissão no trabalho também. Se eu sento perto da Maria sem máscara, eu posso expo-la ao risco”, acrescentou.