Conselho de Economia Popular e Solidária é criado em Curitiba

A Prefeitura de Curitiba está promovendo neste sábado (27) a 1ª Conferência de Economia Popular e Solidária da cidade. A vice-prefeita e secretária municipal do Trabalho e Emprego, Mirian Gonçalves, abriu o encontro, que tem como objetivo instituir a Política Municipal de Fomento à Economia Popular e Solidária, criar o Conselho Municipal de Economia Popular e Solidária e o Fundo Municipal de Economia  Popular e Solidária.

“Esta é uma reivindicação muito antiga. A economia solidária faz parte da história do país, por meio das associações e do cooperativismo, valorizando o trabalho e o ser humano”, disse Mirian, enfatizando que a Conferência tem o papel de consolidar o que já está sendo feito, construir novas propostas e progredir nas discussões que estão sendo realizadas pelo setor.

A economia solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.

Antônio Biz, da Organização Não-Governamental Cefuria  (Centro de Formação Urbana e Rural Irmã Araújo), conta que há mais de 15 anos está envolvido com a economia solidária. “São as experiências coletivas e populares que têm feito a diferença na vida de muitas pessoas. Há mais de dez anos Curitiba trabalha com a moeda social ‘pinhão’ em oito clubes de troca que funcionam em bairros periféricos. É uma forma de comercializar sem usar o capital, onde todos saem ganhando”, explicou ele.

Biz disse que existem hoje, espalhadas pela cidade, 26 padarias comunitárias que, somente com o pão caseiro de 700 gramas, faturam mais de R$ 1 milhão por ano. “São centenas de pessoas que estavam à margem da economia formal e que, em cooperativa, conseguem suprir as demandas financeiras da casa”, explicou.

Rosalba Gomes Wisniewiski, coordenadora da Associação das Padarias e Cozinhas Comunitárias Fermento na Massa, está há 15 anos no associativismo. “Este é um momento histórico para a economia solidária. O início das discussões para traçar a primeira Política Municipal de Fomento à Economia Popular e Solidária é um marco para o setor”, disse.

Ivone França Neves, do Fórum Regional da Economia Solidária, explicou que a luta pela criação do conselho é antiga. “São anos de espera e agora poderemos iniciar as discussões sobre os rumos da economia solidária.  São milhares de pessoas trabalhando em grupos com artesanato, alimentação, agricultura familiar”, disse.

Conselho Solidário

O Conselho Municipal da Economia Popular e Solidária (CMEPS) terá caráter consultivo e deliberativo. Será composto por 21 entidades, sendo cinco órgãos do governo municipal, um do governo estadual e um do governo federal, sete de empreendimentos de Economia Popular e Solidária e sete de entidades de apoio. Os membros do Conselho serão nomeados para um mandato de 2 anos, permitida apenas uma recondução por igual período.

 Paralelamente à criação do Conselho, a Conferência começa a discutir a implantação da Política Municipal de Fomento à Economia Popular e Solidária, que terá como diretriz fundamental a promoção da economia popular e solidária e o desenvolvimento de grupos organizados autogestionários em atividades econômicas, visando à sua integração no mercado e autossustentabilidade de suas atividades. “O objetivo é organizar a produção de bens e serviços e consumo, que tenha por base os princípios da cooperação, da inclusão social, da gestão democrática, da solidariedade, da distribuição equitativa das riquezas produzidas coletivamente, da autogestão, do desenvolvimento local integrado e sustentável, do respeito ao equilíbrio dos ecossistemas, da valorização do ser humano e do trabalho e o estabelecimento de relações igualitárias entre homens e mulheres” explicou Mirian.

Participaram da abertura da 1ª Conferência de Economia Popular e Solidária de Curitiba o superintendente da Secretaria do Trabalho e Emprego, José Adilson Stuzata; a vereadora Professora Josete e Regina Eliane Figueiredo,  representante do núcleo Paraná do Ministério do Trabalho e Emprego do Governo Federal.