No Atuba

Congestionamentos, confusão em desvios e semáforos trazem transtornos na Linha Verde

Lote 4,1 da Linha Verde em Curitiba
Motoristas e moradores sofrem com a demora da conclusão da Linha Verde na região do Atuba. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

A Tribuna passou duas tardes na região que mais sofre com a demora nas obras da Linha Verde, na região do Atuba, em Curitiba. Em uma quarta-feira, perto das 16h30, já se notava mais veículos circulando entre o retorno improvisado que fica logo depois das obras e o sinaleiro lá do acesso aos atacadões e ao Bairro Alto, para quem vem de São Paulo a Curitiba, pela Régis Bittencourt (BR-116). Antes, perto das 14h30 até as 16h, tudo normal. A equipe transitou tranquilamente pela região, mas notou que o sinaleiro dos atacadões era o pior ponto de congestionamento, nos dois sentidos da rodovia.

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O aposentado Georges Ricardo de Oliveira Gomes, 60 anos, de Colombo, criticou a demora das obras, mas concordou que a Linha Verde já esteve pior. Quando viu a reportagem da Tribuna, ele resolveu estacionar o carro para dar entrevista. “Fiz questão de parar para contar o que acho sobre isso aqui. Quando tinha só uma faixa para cruzar o viaduto em horário de pico, quando saía da Ribeira para entrar na rodovia, você ficava duas horas para andar 2 km. E não refrescava muito em outros horários. Agora, com as duas faixas já melhorou. Só não dá para aceitar tanta demora, tanta empresa com obra inacabada. É um absurdo”, avalia.

obras na Linha Verde em Curitiba
O aposentado Georges Ricardo de Oliveira Gomes criticou a demora das obras na Linha Verde. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Ainda conforme o aposentado, que usa a Linha Verde quase diariamente, a “melhoradinha” não tira a necessidade de se ter um plano para rodar pelo local. “Quando sei que venho para cá, penso em transtorno. Então, já me organizo e saio fora do horário do pico. Em vez de 7h30, procuro sair de casa às 9h30. E por aí vai”, disse.

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Já o comerciante Osmar Mafra, 71 anos, do Bacacheri, diz estar confuso com as obras e acha que a conclusão do trecho do Atuba não vai refrescar em nada o fluxo de veículos. “Não tem passarelas para pedestres, não têm acessos elevados para os motoristas entrarem nos bairros. É só sinaleiro e mais sinaleiro. Daqui até a Avenida Brasília, por exemplo, são dezenas de sinaleiros. Não tem como o trânsito ficar bom daqui até a Cidade Industrial. Está na hora de abrir os olhos desse pessoal”, reclama.

O comerciante Osmar Mafra acha que a conclusão do trecho do Atuba não vai refrescar o fluxo de veículos. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Sobre os semáforos

Procurada para falar sobre a quantidade de semáforos mencionada pelo motorista, a prefeitura de Curitiba explicou que as travessias com semáforos para pedestres na Linha Verde são necessárias para que os usuários do transporte acessem as estações no eixo central.

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Ainda conforme a explicação, no que diz respeito aos viadutos e trincheiras, para a melhoria do fluxo do tráfego de passagem de veículos, tanto no sentido longitudinal Norte-Sul (prioritário na Linha Verde) como transversal, em trechos de grandes entroncamentos, estão previstos dois novos viadutos, uma estação de integração e duas trincheiras como novas transposições da Linha Verde para melhoria do trânsito e o transporte no eixo viário.

A prefeitura de Curitiba explicou que as travessias com semáforos na Linha Verde são necessárias para que os usuários do transporte acessem as estações no eixo central. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Conforme a prefeitura, vão compor esse conjunto de projetos e obras, o trinário de viadutos da Anne Frank, Tenente Francisco Ferreira de Souza e Marechal Floriano e duas trincheiras na Estação São Pedro. Serão obras financiadas com recursos do governo do Estado.

No entorno da estação São Pedro, serão construídas duas novas trincheiras interligando as ruas Omar Raymundo Picheth com Marechal Althair Roszanniy, no sentido Xaxim/Capão Raso, e as ruas Barão do Santo Ângelo com Ipiranga, sentido Capão Raso/Xaxim, além de adequações viárias dos acessos às novas trincheiras.
O novo viaduto na Anne Frank possibilitará a ligação com a Rua Aloísio Finzetto, por sobre a Linha Verde, de quem vem do Boqueirão no sentido Rebouças.

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Outro viaduto na Rua Tenente Francisco Ferreira de Souza possibilitará duas ligações no sentido Boqueirão passando por cima da Linha Verde: uma de quem vem do centro pela Rua Escritora Lurdes Strozzi e outra de quem vem da Avenida Presidente Wenceslau Braz. A construção será em forma de “Y”, com duas origens (centro e Conectora 3) e destino à região do Boqueirão.

O viaduto existente da Avenida Marechal Floriano será a via central do sistema “trinário Marechal” e destinado ao sistema de transporte coletivo, aos pedestres e ciclistas. Sobre o viaduto, será implantada uma nova estação de transporte, permitindo a integração tarifária entre as linhas que utilizam o eixo da Linha Verde e o eixo Boqueirão.

Fios arrebentados no desvio

Fugindo um pouco do tema congestionamento, uma reclamação no Bairro Alto chamou a atenção por ser quase impensada. O reflexo do atual desvio provisório e obrigatório para entrar no bairro, pela Rua Joaquim da Costa Ribeiro, do lado direito da rodovia, no sentido São Paulo, faz com que alguns caminhões de grande porte se percam nas ruas transversais, tentando voltar para a Linha Verde, e arrebentem cabos de telefonia e internet nos postes. A situação ocorre à noite, quando há menos visibilidade.

Segundo um comerciante da Rua Arthur Ramos, o GPS dos veículos indica o caminho de retorno para a Régis Bittencourt pelas transversais. “Quando eu consigo, eu aviso os caminhões e falo dos cabos. Mas nem sempre dá. Peço para eles voltarem para a rua principal. Já aconteceu várias vezes. Em outras ruas da redondeza também. Eu mesmo já pedi pra subirem os postes”, diz o comerciante, que preferiu não se identificar.

A rua principal mencionada por ele é a Rua Rio Juruá. O comerciante diz que esse desvio provisório não faz sentido. Que se ele fosse reaberto, acabaria com o transtorno. “Taí uma solução que faria bastante diferença por aqui”, ressalta.

Em contato com a Copel, a empresa confirmou que os cabos mencionados nos postes não são de energia elétrica, pois não há registros de atendimentos desse tipo na região. Os fios e cabos de internet e telefonia são de responsabilidade das empresas que alugam espaço nos postes da Copel.

Já a prefeitura informou que é responsável pela manutenção do sistema de iluminação pública nos postes. Que, no caso de falha desse sistema, os consertos são realizados em um prazo de 48 horas. Não há registros de pedidos de manutenção do sistema na rua mencionada. Os cabos de telefonia e Internet não são de responsabilidade da prefeitura.

Sobre a possibilidade de mudança no desvio na entrada da Rua Joaquim da Costa Ribeiro, do lado direito da rodovia, a Superintendência de Trânsito (Setran) explicou que os desvios das obras que ocorrem na Linha Verde são definidos em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a concessionária que administra o trecho.

Em nota, a Setran informou que, “neste momento, ainda não é possível liberar a marginal existente, por haver risco de colisão com veículos que utilizam outro desvio próximo para o retorno sentido São Paulo. A alternativa foi uma rota de desvio por dentro do bairro que leva até a Estrada da Graciosa, que possui acesso à rodovia”.

A Setran explicou, ainda, que “todo o trecho de desvio foi devidamente sinalizado. Inclusive, as ruas próximas receberam placas com restrições para veículos acima de 10 toneladas. A Setran vai vistoriar novamente esses pontos e reforçar as sinalizações de desvio e as restrições locais”, finaliza a nota.

Mais incertezas?

Como noticiou a Tribuna, na primeira quinzena de julho, a nova licitação do lote 4.1 da Linha Verde, que envolve o trecho do Trevo do Atuba, teve apenas um consórcio participante. E, deste consórcio, faz parte uma das empresas anteriormente responsável pela obra, que teve o contrato rompido pela Prefeitura de Curitiba em dezembro do ano passado, por não ter conseguido realizar a obra dentro do prazo: a TCE Engenharia (Triunfo Comércio e Engenharia). A situação foi alvo de um pedido de informações da vereadora Indiara Barbosa (Novo).

Recentemente a mesma empresa que abandonou as obras vai retomar os serviços, mas em uma nova licitação, a terceira, com valor de R$ 124,7 milhões,  quase o dobro do valor que a TCE Engenharia receberia se tivesse concluído a obra no final do ano passado.