O Complexo Cultural Solar do Barão, na Rua Carlos Cavalcanti, no Centro de Curitiba, passará por obra completa de restauro e reestruturação das instalações, garantindo a preservação da edificação e a acessibilidade em todos os ambientes. Outro aspecto da obra é a conclusão de um corredor cultural conectando fisicamente o espaço ao Estúdio Riachuelo e ao Cine Passeio.
A licitação para a obra deve ser aberta no dia 21 de outubro e será conduzida pela Secretaria Municipal de Obras Públicas. A previsão é iniciar o restauro até o fim deste ano, com duração de dois anos para a conclusão.
As obras no Solar do Barão fazem parte do PRO Curitiba – Programa de Revitalização e Obras da cidade.
“Além do restauro e das melhorias nas instalações para dar mais segurança ao público e aos funcionários, também vamos criar uma ligação física para unir três importantes polos culturais da cidade. O Solar do Barão, com seus museus e ateliês de artes gráficas, será ligado ao Estúdio Riachuelo, voltado às artes digitais e animação, e nosso cinema de rua, o Cine Passeio. Será um corredor cultural que conectará as artes desde a pedra da gravura ao universo digital e audiovisual”, disse o prefeito Eduardo Pimentel.
Solar do Barão é patrimônio histórico-cultural de Curitiba
Patrimônio histórico-cultural, o Solar do Barão reúne três blocos de edificações construídas em diferentes períodos, entre 1880 e 1940. Juntos, os espaços somam área construída de 3.377 metros quadrados e abrigam importantes espaços artísticos da Fundação Cultural.
O projeto de restauro do Solar do Barão, sob a responsabilidade do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e da Fundação Cultural, passou pela aprovação dos Conselhos Estadual e Municipal do Patrimônio Cultural.
A obra prevê a renovação dos sistemas elétrico e hidráulico, a reforma completa da cobertura e a instalação de rampas e equipamentos voltados à acessibilidade de todos os ambientes por onde circulam cerca de 400 mil pessoas anualmente, entre alunos e público das exposições.
Um novo e moderno bloco com três pavimentos será construído para a reserva técnica, que abrigará as coleções dos Museus e da Gibiteca. Também está prevista para o período da obra a integração, por meio de um jardim, entre o Solar do Barão e o Estúdio Riachuelo – localizado em frente ao Cine Passeio -, na Rua Riachuelo, formando um corredor cultural.
O Solar do Barão
A primeira e mais antiga das três edificações que se encontram na Rua Carlos Cavalcanti foi residência da família do empresário e político Ildefonso Pereira Correia, Barão do Serro Azul, entre 1880 até 1894.
O projeto e a obra são atribuídos aos construtores Ângelo Vendramin e Giovanni Battista Casagrande, italianos migrados para o Brasil em meados de 1870.
O Barão do Serro Azul foi um dos maiores produtores e exportadores de erva-mate do mundo. Por conta dos negócios, entrou na área de impressão e tipografia para confeccionar os rótulos dos produtos e fundou a Impressora Paranaense, no local onde hoje se encontra o Cine Passeio.
“O restauro do Solar do Barão é um compromisso com a preservação da memória e, ao mesmo tempo, um investimento no futuro desse complexo cultural tão emblemático na história da cultura de Curitiba. A obra garante que este patrimônio histórico esteja preparado para receber novas gerações de artistas e visitantes, com mais segurança, acessibilidade e integração com outros locais culturais da cidade”, diz o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marino Galvão Júnior.
Solar da Baronesa
À direita do bloco principal está a antiga Casa da Baronesa – prédio construído em 1895 para abrigar a viúva do ervateiro, Dona Maria José, e os filhos. O Barão foi assassinado durante a Revolução Federalista, em Morretes, aos 45 anos.
Exército ocupou o local
Em 1912, o Exército ocupou o Solar, bem como a Impressora Paranaense, na Rua Riachuelo. Os imóveis passaram por modificações, com o acréscimo de novos blocos.
De residência a centro cultural
A história do Solar do Barão como conhecemos atualmente começou em 1975, quando o prédio foi adquirido pela prefeitura. Após restauro e sob a gestão da Fundação Cultural de Curitiba, em 1980, o espaço passou a servir à população como um centro cultural, recebendo eventos icônicos, como a III Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba, a primeira edição da Oficina de Música de Curitiba e a Bienal de Fotografia.
Atualmente o complexo conta com o Museu da Gravura de Curitiba, os Ateliês de Gravura, o Centro de Documentação e Pesquisa Guido Viaro, uma biblioteca e acervo de documentos, livros, catálogos e registros sobre artes visuais; Museu da Fotografia de Curitiba, que preserva um acervo de cerca de 3 mil imagens, além de espaço para exposições temporárias e cursos de técnicas fotográficas; o Núcleo de Ação Educativa, grupo que realiza mediações e roteiros de educação patrimonial; o setor de montagem de exposições; e a Gibiteca de Curitiba, que mantém acervo de 40 mil HQs e realiza cursos regulares e eventos. Ali também fica o Núcleo de Ópera Comunitário de Curitiba.
Toda essa estrutura está sendo transferida gradativamente para outros locais, para que o espaço esteja desocupado até o início das obras.



