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Beto Richa pode ser candidato a prefeito de Curitiba; ex-governador é réu em processo de desvio de dinheiro público

Deputado federal pelo Paraná, Beto Richa (PSDB) avalia candidatura a prefeito de Curitiba. Foto: Aniel Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo

Escolhido nas eleições do ano passado por 64.868 eleitores para ser um dos 30 representantes do Paraná na Câmara dos Deputados, Beto Richa (PSDB) voltou à arena política após enfrentar investigações relacionadas ao período em que foi governador e a atividades ilícitas para financiamento de campanhas. Somente na área criminal, ele se tornou réu em oito processos desde 2018, no âmbito das operações Rádio Patrulha, Integração, Piloto e Quadro Negro.

Além de governador por dois mandatos consecutivos, Beto Richa acumula duas eleições para deputado estadual, foi secretário municipal de Obras Públicas; vice-prefeito e prefeito de Curitiba. O Palácio 29 de Março (sede da prefeitura na capital paranaense), inclusive, volta a aparecer no horizonte como desejo do atual deputado federal. Os planos de Richa para 2024, porém, podem enfrentar empecilhos com possíveis decisões sobre essas investigações do passado.

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Poucos dias depois de ser eleito presidente do PSDB no Paraná, no início deste mês, veio à tona que Richa se tornou réu por suposto envolvimento em desvio de R$ 20 milhões da educação. De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, o ex-governador paranaense pode ter participado do desvio de verbas destinadas à construção de escolas. O deputado federal se defende. “Acusação improcedente e requentada. Mais do que isso, o que o Ministério Público faz é crime, é litigância de má-fé. Já foi determinado o envio dessa investigação para o Eleitoral (Justiça Eleitoral). Sem prova alguma, fazem uma perseguição implacável. Um crime comigo o que estão fazendo”, afirmou à Gazeta do Povo.

PSDB terá que vencer barreiras para lançar candidatos e consolidar alianças

Richa reconhece a necessidade do PSDB, partido que ele preside no Paraná, lançar candidatos e formar alianças consolidadas para as eleições de 2024. Na avaliação dele, a procura pela sigla – no Paraná e no âmbito nacional, tem sido animadora.

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“Estou empolgado com o projeto do partido e acredito que teremos um bom desempenho nas eleições do ano que vem. Existe uma procura pelo PSDB nos últimos meses em todo o país, o que nos mostra que o legado da sigla é muito maior que quaisquer problemas momentâneos. Um grande número de lideranças no Paraná também querem firmar candidatura com o partido”, diz ele.

As cidades paranaenses com maior densidade eleitoral, encabeçadas por Curitiba, serão colocadas em discussão pela sigla para que haja candidatura própria, afirma Richa. O parlamentar tucano entende que o nome dele é, naturalmente, o mais lembrado. “Eu me sinto honrado por ver que estou sendo bem avaliado na última pesquisa que tive conhecimento. Entendo que é um recorte do momento atual, mas estar empatado tecnicamente na primeira posição é um combustível para, quem sabe, ser o candidato a prefeito de Curitiba. Não é querendo comparar, mas a minha gestão trouxe inúmeros benefícios para a cidade e avanços consideráveis que são vistos até hoje”.

“Linha Verde é obra inacabada do Beto? Como assim?”

Richa faz questão de elencar o que considera como conquistas de gestões comandadas por ele em Curitiba, como a passagem de ônibus a R$ 1, geração de 12 mil vagas em creches e os Armazéns da Família. “Os números são expressivos. As construções de parques, praças, quatro restaurantes populares, liderança nacional no acesso das famílias à educação e ao mercado de trabalho. Mais ainda: você não via tantas pessoas em situação de rua sob nossa gestão”, destacou.

Apesar da autopromoção, o tucano faz questão de se defender quando perguntado se a Linha Verde, obra mais longeva da capital paranaense e que dura 18 anos, seja uma promessa inacabada dele mesmo. Richa explica que uma empreiteira desclassificada no certame técnico, sob regras do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tempos depois, conseguiu na Justiça a abertura do envelope da proposta e constatou que era a mais em conta. Gerou-se, então, um impasse.

“Obra inacabada minha? Como assim? Esse projeto é do Cássio Taniguchi (ex-prefeito de Curitiba e filiado ao PSD) e estava perdido. Com toda essa confusão de empresas decidimos revogar a licitação e fizemos uma nova. O recurso que veio só era possível fazer metade da obra, e foi realizada no trecho sul, o mais congestionado e complexo. Era o projeto que tinha, era pegar ou largar. Fizemos a nossa parte, inaugurei e terminei a parte sul”, disse.

Beto Richa tece críticas às gestões recentes da Prefeitura de Curitiba

Beto Richa também fez críticas às gestões que o sucederam. De acordo com o ex-governador, as reclamações acerca da má conservação dos bairros e do desrespeito ao cidadão são recorrentes. O parlamentar aponta, também, que a área social deve ser o foco das principais mudanças. “É inevitável dizer que a quantidade de pessoas nas ruas de Curitiba aumentou. Pessoas dormindo em calçadas, embaixo das árvores, ficou comum ver essas cenas, que antes não eram vistas. O lado social foi deixado de lado e isso impacta diretamente em todos os setores. É necessário dar condição ao cidadão para que a rua não seja uma opção”, argumentou.

Acerca das reclamações, Richa diz que as maiores preocupações que ele e a equipe têm observado dizem respeito à qualidade do transporte público, seja no preço da passagem ou na qualidade do asfalto. “Os bairros necessitam ser melhores cuidados, os asfaltos estão remendados, os carros vão trepidando o tempo todo. Passagens de ônibus estão impactando muito forte no bolso do cidadão. Tudo isso deve ser modificado sem perder de vista a qualidade do sistema, exatamente como fizemos no passado”.

“Tarifa do pedágio é exorbitante”, avalia Richa

Em relação ao Paraná comandado por Ratinho Junior (PSD), Beto Richa também opinou sobre temas recorrentes. Entre eles, as novas concessões de rodovias. Para ele, a conservação permanente das estradas é algo louvável, entretanto, considera o valor da tarifa incoerente. “Não posso concordar em pagar uma tarifa exorbitante. Se for justa, ninguém vai se opor. Mas qual a tarifa real que vai ser cobrada? Vai ter conservação realmente? Acho que ela deve ser melhor explicada. Esse ponto, para mim, é o mais controverso”.

À parte as dúvidas tarifárias, o deputado tucano afirma que esteve com o ministro dos Transportes, Renan Filho, e percebeu o interesse em contribuir para deslanchar as concessões rodoviárias no estado. “Estive com ele e é nítida a dedicação em ver o Paraná cada dia melhor. Eu estou sempre reunido com quem olha para o nosso estado com olhos para o desenvolvimento, porque esse sempre será o meu olhar”.

Sistema prisional do Paraná renova promessas e discursos

Outro problema recorrente, inclusive nos tempos de Richa à frente da administração estadual, segue sendo no sistema prisional. Mesmo tendo relação direta com falhas a nível nacional, na opinião do deputado paranaense, o problema vai além. “É muito grave e seguimos sofrendo com isso no Paraná e no país. O governo federal, quando fui governador, apresentou projetos que tiveram uma série de dificuldades para serem implementados em todo o país. Nós construímos e inauguramos presídios com projetos dentro do estado, mas os problemas vão além do projeto físico”.

Segundo Richa, os dados a respeito das prisões provisórias assustam e podem ser encarado como um dos principais responsáveis pela alta ocupação de presídios Brasil afora. “Eles não têm condenação definitiva e seguem por ali. É uma questão que se arrasta no país e não se tem um posicionamento concreto. Temos por volta de 40% da quantidade de presos nessas condições e há anos aguardando condenação. Não tem como não existir superlotação com essas características”, concluiu.

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