História

Assassinato ocorrido há 125 anos é desvendado por historiador de Curitiba

Pesquisador Marcos Juliano Ofenbock , que descobriu o pirata Zulmiro, comemora descoberta histórica
Pesquisador Marcos Juliano Ofenbock comemora descoberta histórica. Foto: Gerson Klaina

A cada vez que o curitibano Marcos Juliano Ofenbock, 43 anos, resolve mergulhar um pouco mais nos assuntos do pirata Zulmiro, mais ele encontra provas de que a lenda da existência do pirata que morou em Curitiba é verdadeira. Isso contagia os fãs, que ganham cada vez mais detalhes dessa história intrigante.

Já contamos quem é o Zulmiro nas páginas da Tribuna, um pirata que veio parar no Pilarzinho, para escapar da marinha inglesa, e guardava com ele o mapa de um tesouro que nunca foi achado e estaria na Ilha da Trindade, no Espírito Santo. Segundo o historiador, a primeira prova da existência do pirata foram documentos do enterro dele na capital paranaense, com 90 anos, no Cemitério Municipal do bairro São Francisco, no ano de 1889, sob o nome de João Franciso “Inglez”

Agora, vasculhando mais, Ofenbock encontrou documentos que comprovariam o assassinato de um amigo de Zulmiro, o comerciante Edward Young, com quem o pirata compartilhara os segredos das suas aventuras, alguns anos antes do morrer. O pesquisador tem certeza de que o assassinato, ocorrido há 125 anos no Rio de Janeiro, onde Young morava, foi uma conspiração para roubar o mapa do tesouro.

O assassino de Edward Young seria o português José Vieira Bastos. O Marcos Juliano diz que usou recortes antigos de jornal do Rio de Janeiro para fazer a descoberta. Os recortes estão no acervo digital da Biblioteca Nacional. Na época da morte do amigo de Zulmiro, o pesquisador diz que Vieira Bastos foi um dos suspeitos, por ser amigo da vítima, mas que a investigação da polícia foi superficial.

“Os policiais não sabiam da existência do tesouro e do roteiro para achá-lo. Vieira Bastos também era um vigarista conhecido, que aplicava pequenos golpes. Se a polícia tivesse feito essa associação, provavelmente teriam confirmado que ele era o autor do crime”, explica Marcos Juliano.

O pesquisador vai além. Apoiado em descobertas de documentos antigos da família de Edward, inclusive um caderno de anotações, Marcos Juliano diz existir anotações confirmando que Edward era amigo de Vieira Bastos e que o português o ajudava a publicar as cartas sobre a existência do tesouro nos jornais. O objetivo das publicações de Edward era angariar investidores para fazer uma expedição até a ilha. “Só que, nisso, ele deve ter sido morto durante o roubo do mapa, ao surpreender o amigo tentando pegar o mapa”, argumenta.

Foto: Gerson Klaina

A bisneta de Edward, a artesã Serli Young, 57 anos, confirma que a família desconfiava que os próprios ingleses tinham cometido o crime, já que expedições para a Ilha da Trindade, em busca do tesouro, começaram a ocorrer após a morte do bisavô. “A morte dele sempre foi um tema proibido na família. Muito por causa do respeito pelos nossos avós e bisavó, que ficaram arrasados com a forma como ele morreu. Mas crescemos ouvindo histórias de pirata e desconfiávamos que pudesse ter relação com o tesouro”, conta.

A Serli Young também diz ter ficado arrepiada com a descoberta do Marcos Juliano. “Parece mesmo que o assassino do meu bisavô era esse sujeito amigo dele. Essa descoberta nova me deixa arrepiada. Com tudo isso, quem sabe conseguem uma expedição para a ilha e encontram o tesouro”, torce a bisneta de Edward.

Taxativo, Marcos Juliano diz que é uma pena não poder provar de verdade que Vieira Bastos foi o autor do crime, já que não há como voltar no tempo. Mas ele confia nas evidências. “Não dá para afirmar que com certeza foi ele, mas tudo indica que sim. Achar esses documentos, desvendar essas histórias, é muito mais valioso do que achar o tesouro que nunca foi encontrado. É mais uma comprovação de que é tudo verdade e não é história de disco voador”, brinca.

Possível mapa do tesouro escondido no Espórito Santo

Documentário

Em breve, segundo o pesquisador Marcos Juliano, a história do pirata Zulmiro deve ganhar um documentário. O roteiro deve trazer locais por onde ele passou e entrevistas com descendentes dele. “Encontrei muita gente com o sobrenome Inglez. Depois de provar que o pirata existiu, quero que a história seja reconhecida na Inglaterra. Assim, Zulmiro terá sido o último pirata vivo da história, o que é emocionante porque ele viveu em Curitiba”, finaliza o pesquisador.