Além de reunir lançamentos e novidades da cultura pop, a CCXP25 – maior convenção geek do país – também se consolida como um grande ponto de encontro entre fãs, artistas e criadores. Até este domingo (7/12), artistas de Curitiba integram o Artists’ Valley, espaço dedicado à produção independente. Entre eles, estão Lark (@larkness_) e Yoshi Itice (@yoshiitice), que posicionaram os trabalhos lado a lado ao longo do evento.
Formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Lark expõe quadrinhos que representam uma paixão cultivada desde a infância. “Aprendi a ler quadrinhos com Turma da Mônica e com aquelas tirinhas de livro de português. Como sempre gostei muito, fazia os meus inspirados nesses. A vida inteira fiz quadrinhos”, conta Lark em entrevista à Tribuna do Paraná durante o evento.
Com o tempo, o que era hábito virou profissão. Em 2022, ela publicou o primeiro livro, lançado pouco depois da pandemia da covid-19. Com a obra pronta, surgiram convites para eventos presenciais, que acabaram moldando não apenas o formato do trabalho, mas também a forma de dialogar com o público.
Para Lark, apresentar as obras em uma feira desse porte traz um elemento único: o encontro. “Essa conexão de olhar no olho da pessoa, de conversar, de ver essa troca, de pessoas que não conhecem e eu acabo apresentando, elas acabam gostando, se encantando pelo meu trabalho, é o mais legal”, afirma.
Entre as obras em exposição no Artists’ Valley está o livro O Livro dos Pássaros, publicado em 2023. A narrativa acompanha Roberto, um passarinho que decide ir além dos voos rotineiros e ingressa no mercado de trabalho. Ele passa a atuar na Catch.Co, uma startup onde o chefe é um gato. O humor e a leveza da história se misturam com reflexões do cotidiano, destacando o estilo da artista.


Troca de aprendizados
Ao lado de Lark, outro quadrinista curitibano também chama atenção. Thiago Yoshiharu Itice, conhecido como Yoshi Itice, destaca que, ao contrário do ditado popular, no caso dos quadrinhos a capa importa — e muito. “O design de capa é muito importante para chamar a atenção das pessoas”, resume.
Yoshi participa da CCXP desde a primeira edição, realizada em 2014. Antes disso, levou os trabalhos à Gibicon, hoje conhecida como Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Assim como Lark, o interesse pela linguagem começou cedo, ainda na infância.
No momento de escolher a carreira universitária, decidiu pelo Design Gráfico, também na UFPR. “Foi quando entrei nesse mundo. Estudei ilustração, animação e me encontrei, de fato, nos quadrinhos. Logo após a formatura, montei um estúdio e comecei a fazer quadrinhos de forma profissional”, relembra.

O caminho foi gradual. O trabalho surgiu de forma independente e, em alguns casos, contou com financiamento coletivo até chegar às editoras. Com a visibilidade crescente, vieram convites para participar de grandes eventos e festivais. Hoje, quem passa pelo estande de Yoshi — assim como no de Lark — recebe não só autógrafos, mas também dedicatórias e demonstrações de técnicas feitas ao vivo.
Com o tempo, o círculo de referências de ambos também mudou. As influências deixaram de ser distantes para virar realidade. “Meus ídolos de quadrinhos viraram meus amigos”, conclui Thiago.
*A repórter viajou para a cobertura da CCXP25 à convite da Crunchyroll



