Adolescente confessa crimes na Praça da Espanha

Um garoto de 17 anos confessou ser o autor dos disparos que mataram dois jovens e deixaram quatro feridos, na Praça da Espanha, Bigorrilho, na saída do Celebrare Bar, na madrugada de sábado.

Ele admitiu que queria matar mais uma pessoa, mas a arma falhou. O crime foi motivado pelo suposto furto de uma garrafa de bebida. O garoto já havia sido apreendido por posse de arma e tráfico de drogas.

O menor foi intimado e prestou depoimento na quinta-feira. “Ele parece um rapaz tranquilo e, quem o conhece, diz que não seria capaz de fazer isso. Ele se diz arrependido, porém, contou de forma fria os detalhes do crime”, detalhou a delegada Aline Manzatto, da Delegacia de Homicídios (DH).

Garrafa

De acordo com garoto, o motivo do crime foi briga por causa de uma garrafa de bebida. Ele e o rapaz que derrubou a carteira, identificado como Everton Luiz, 25, estavam acompanhados de amigos em um camarote, ao lado de onde ficou o grupo rival.

“Esse outro grupo teria pego uma bebida da mesa deles. Houve discussão dentro do bar e o adolescente planejou o crime. Ele pediu para Everton ficar dentro do estabelecimento e ligar para ele, que ficaria do lado de fora, armado”, explicou a delegada.

Everton não efetuou a ligação. Entretanto, os dois grupos se encontraram na saída e, assim que começou a pancadaria, o adolescente começou a atirar. “Derrubei o primeiro e o grupo saiu correndo. Efetuei onze disparos contra eles. Fui bem perto de uma pessoa que estava caída e tentei atirar contra ela, mas a arma falhou”, descreveu o assassino. O depoimento das testemunhas confirmaram a versão do atirador.

Vítimas

A vítima que sobreviveu graças à falha da pistola foi a que participou do reconhecimento, na manhã de quarta-feira. Ela não foi baleada na confusão, e caiu apenas porque tropeçou.

Além de Edson Luiz de Oliveira, 18 anos, e Guilherme Henrique dos Santos Silva, 16, que morreram, ficaram feridos Vanessa de Paula Cassaro Torrini, 18, Luiz Augusto Pezenatto Berri, 15, Tiago Luiz Araújo, 18, e Celso Luiz Merlini Berri, 20.

Justiça decidirá destino do assassino

Fernanda Deslandes

O crime é considerado esclarecido pela polícia. O garoto foi conduzido à Delegacia do Adolescente (DA), onde teve audiência na tarde de ontem. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), ele foi abrigado no Centro de Socioeducação, anexo à DA, onde permanecerá por 45 dias. Caso a Justiça entenda que ele é responsável pelo duplo homicídio, será conduzido a um educandário.

Everton será indiciado por participação no crime, já que sabia da intenção do adolescente, e responde à acusação em liberdade, já que se apresentou após o período de flagrante e está colaborando com as investigações. No entanto, ele deverá ser intimado novamente e, caso não compareça à delegacia, poderá ter seu mandado de prisão solicitado.

Os demais envolvidos na pancadaria não foram relacionados como co-autores do homicídio. “Não temos como provar que os envolvidos na briga sabiam do intuito do adolescente”, ressaltou a delegada Aline.

Diz ter jogado arma no Rio Barigui

Fernanda Deslandes

O adolescente declarou que emprestou a pistola calibre 9 milímetros de um conhecido. Após o crime, teria dispensado a arma no Rio Barigui, próximo à Rua Desembargador Cid Campelo, na Cidade Industrial.

Investigadores da DH e bombeiros do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), especializado em buscas em profundidade, vasculharam a área, na manhã de ontem, mas não encontraram a pistola.

Mesmo motivo não convence no caso do Crystal

Marcelo Vellinho

A polícia ainda tenta descobrir, o motivo do duplo homicídio ocorrido na saída de Crystal Palace Hall, no Centro, que vitimou os jovens Alessandro Alves de Souza, 33 anos, e Herbert Silva Coutinho Costa, 28, na madrugada de sábado.

Os suspeitos do crime, Maurício da Silva Dantas, 20, e Wagner José Vital, 30, foram presos em flagrante e alegaram que houve briga por causa de uma garrafa de bebida alcoólica.

No entanto, a polícia desconfia da versão e não descarta que as vítimas tenham sido executadas. “Ouvimos garçons, seguranças, amigas das vítimas e outras testemunhas, e todos negaram que tenha havido discussão entre autores e vítimas na casa noturna”, afirmou a delegada Mônica Meister, do 1.º Distrito Policial.

Como muitos depoimentos são contraditórios, o inquérito ainda não foi encerrado e, na tarde de hoje, uma pessoa ligada a uma das vítimas, será novamente ouvida.