Mais concorrido que vestibular

Achar vaga para estacionar em Curitiba está virando uma missão impossível

Achar uma vaga pra estacionar em Curitiba não é das tarefas mais fáceis. Nos últimos anos, com o aumento da frota, que hoje já de quase 1,5 milhão de veículos (segundo dados de 2014 do Detran-PR) e com a extinção de vagas em importantes vias da cidade, as opções se tonaram ainda mais reduzidas.

Assim, os motoristas passaram a ter que exercitar a paciência e a contar com a sorte. Ou então, outra saída é utilizar os serviços de um estacionamento comercial, o que pode representar um gasto extra. “Dou várias voltas até achar uma vaga, senão vou pro estacionamento, não tem jeito. Acredito que os piores lugares pra estacionar em Curitiba ficam nas áreas centrais, algumas ruas da região nem têm vagas de estacio- namento”, opina o vendedor Jefferson José de Oliveira, de 38 anos.

Já pro comerciante Manoel Garcez, 63, que pode utilizar as vagas destinadas aos idosos, a fluidez do trânsito se sobrepõe à dificuldade em encontrar um lugar pra estacionar. “Prefiro que as ruas tenham fluidez, que a gente consiga andar, é melhor do que ter vaga em todo o lugar. E as vagas quando são regulamentadas, há rotatividade, o que é importante, principalmente em regiões como a do Mercado Municipal”.

Mas pro proprietário de uma farmácia, Francisco Garcia Botelho, 71, a extinção das vagas representou queda nas vendas. Há 17 anos na Av. Visconde de Guarapuava, ele lembra bem quando elas foram retiradas, em 2009. “Pra nós aqui na farmácia foi muito complicado, perdemos clientes”.

Curitiba tem mais de 1.300 estacionamentos comerciais.

Sobra vaga nos particulares

Seja pela falta de vagas, conforto, comodidade ou por questões de segurança, o fato é que nos últimos anos os curitibanos passaram a utilizar os estacionamentos com maior frequência. Segundo dados da Secretaria Municipal de Finanças (SMF), existem hoje em Curitiba 1.395 estacionamentos comerciais. Em 2014, eles eram 1.306. Em 2011, apenas 975. No entanto, a atual crise financeira e situações como a greve dos bancários têm impactado o setor de maneira negativa.

Pro proprietário do Estacionamento San Martin, Alfredo Mattioli, que há 30 anos atua nesta área, 2015 já pode ser considerado o pior ano pro setor. “Com a crise no comércio a procura das pessoas pelos estacionamentos diminuiu, principalmente no centro da cidade. Desde janeiro temos percebido uma queda de pelo menos 20% no número de clientes. Já enfrentamos períodos de dificuldades, mas este, sem dúvidas, é o pior. Nos resta torcer pra que as coisas melhorem no fim do ano, com as compras de Natal”, desabafa. (PW)

Prefeitura exige alvará

Além dos particulares, na cidade ainda existem os estacionamentos “informais”, aqueles que não possuem alvará pra funcionar e que mesmo assim, em dias de eventos ou jogos de futebol, servem como opção aos motoristas. Mas segundo a prefeitura, mesmo em casos temporários, os proprietários que desejam transformar espaços de seus imóveis em estacionamentos precisam de um alvará.

A solicitação de consulta comercial pra verificar a possibilidade de emissão do alvará pode ser feita na Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU). Após receber toda a documentação, a SMU ouve os demais órgãos competentes, como as secretarias de Trânsito e Meio Ambiente, pra deferir ou indeferir o pedido.

Mais agilidade pra todos

A secretária de trânsito de Curitiba,, Luiza Simonelli, afirma que retirar vagas de estacionamento pra que algumas vias tenham seu fluxo beneficiado é uma decisão tomada pensando no bem-estar de todas as pessoas, e não só dos motoristas. “Hoje enfrentamos um momento de transição em grandes cidades como Curitiba. Nossa capital tem a maior frota per capita do Brasil, com 0,8 veículos por pessoa. Retirando as vagas, oferecemos aos outros modais a possibilidade de andar como os demais. E também, estimulamos as pessoas a virem pras regiões centrais de ônibus ou bicicleta, deixando seus carros em casa”, explica.

Segundo a secretária, só perdem suas vagas as vias arteriais e estruturais, que contam com tráfego pesado ou integram importantes rotas do transporte coletivo. “Além disto, a presença do comércio local também é levada em consideração”, diz Luiza.
Sobre novas eliminações de vagas, segundo a Setran, o que existe atualmente são projetos pontuais em algumas vias, que só serão executados após consulta prévia por meio das administrações regionais.

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