Ganha pão da morte

200 pessoas morrem em acidentes de trabalho

A cada ano, cerca de 200 pessoas morrem e mais de 20 mil ficam feridas. 900 são aposentadas por invalidez devido a acidentes de trabalho no Paraná. Os números foram lembrados ontem, em uma manifestação no centro de Curitiba, que marcou o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, comemorado em 28 de abril.

Segundo dados do Ministério do Trabalho, o Paraná registrou 51.509 acidentes em 2010. Em 22.301 casos, os envolvidos se afastaram do trabalho e tiveram auxílio-doença concedido pelo INSS, sendo que 837 foram aposentados por invalidez. As vítimas fatais foram 193. Em 2009, foram 54.287 acidentes, com 220 mortes.

Os números são altos, mas registram apenas parcialmente o problema. “Esses dados se referem apenas aos trabalhadores com carteira assinada. O setor informal gera ainda mais acidentes e mortes”, alerta Adir de Souza, presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho no Paraná (Sintespar), que organizou a manifestação.

De acordo com o Sintespar, a economia paranaense perde cerca de R$ 2 bilhões a cada ano devido a acidentes de trabalho. A média de acidentes verificada no estado é quase duas vezes maior que a média nacional. No Brasil, ocorrem a cada ano 10,57 acidentes para cada mil trabalhadores. No Paraná, são 20,13 acidentes anuais para cada mil vínculos empregatícios. No estado, a mortalidade chega a quase 14 casos anuais para cada mil trabalhadores, enquanto a média nacional é de dez.

Apesar dos dados, considerados alarmantes, os técnicos de segurança do trabalho acreditam que falta atitude dos governantes e empresários para reduzir o problema. “Os acidentes de trabalho matam 60 vezes mais do que a dengue, mas não recebem a mesma atenção do governo. Os empresários precisam entender que segurança não é custo, é investimento. Melhora a qualidade de vida do trabalhador, as condições de trabalho e aumenta a produtividade”, diz Adir de Souza.

A manifestação também exigiu um novo piso salarial para os técnicos de segurança do trabalho e defendeu a implantação da jornada de 40 horas semanais a todos os trabalhadores, também como forma de reduzir o número de acidentes.

Guardas

O ato contou com a participação do Sindicato da Guarda Municipal de Curitiba (Sigmuc). A categoria reivindica a criação de um estatuto específico para a categoria. “Hoje nossa profissão é regida pelo estatuto geral dos servidores públicos, que não se adapta as peculiaridades de quem trabalha com segurança pública e enfrenta criminosos”, diz o presidente do Sigmuc, Luiz Vecchi. Nos últimos dois anos três guardas municipais foram mortos em serviço.