Cuba volta à normalidade após doença de Fidel

A normalidade voltou a reinar em Cuba 10 dias depois que Fidel Castro anunciou que estava transferindo o poder temporariamente a seu irmão Raúl enquanto se recuperaria de uma cirurgia intestinal. Publicamente, os cubanos dizem que nada mudou, embora em privado reconheçam que suas vidas ficaram estremecidas enquanto aguardam notícias do homem que lhes governa há 47 anos. De acordo com as autoridades, Fidel, que domingo próximo completará 80 anos de vida, se recupera e deverá retomar suas funções em algumas semanas.

"Parece que nada aconteceu", disse o eletricista Ignacio González em frente à sua casa, na parte velha de Havana. "Com Fidel ou sem Fidel, seguimos em frente", afirmou Rafael Arocha, subdiretor do Hospital Universitário Miguel Enríquez, que conta com 385 leitos.

Já que Fidel exerceu tal influência na ilha durante quase meio século, muitos chegaram a prever que existiria um vácuo de poder no caso de sua saída, tendo como conseqüência o caos e, inclusive, a possibilidade de um colapso no governo. Mas a calma reinante na sociedade cubana indica que uma vez que Fidel vier a desaparecer para sempre, a estrutura política e econômica que construiu ao longo dos anos poderia ser mais duradoura que a esperada pelos inimigos do seu regime.

Por enquanto, o vazio de poder criado pela ausência temporária de Fidel parece ter sido preenchido pelo sistema comunista cubano, que controla a vida cotidiana mediante uma burocracia que estende seus tentáculos a todos os bairros e centros de trabalho governamentais nesta ilha de 11,2 milhões de habitantes.

A burocracia comunista, apoiada pelas força armadas, desenvolveu uma intensa atividade pouco depois de Fidel ter transferido provisoriamente o poder. As patrulhas policiais foram reforçadas em toda a capital, os reservistas militares e os oficiais da reserva receberam ordens de se apresentarem diariamente. As concentrações organizadas pelo Partido Comunista ocorrem todos os dias para fomentar o fervor revolucionário, incluindo uma ocorrida hoje em frente ao Hospital Miguel Enríquez.

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