Cresce suspeita ne vazamento na venda da Ipiranga

No mesmo dia em que Petrobras, Braskem e Ultra confirmaram a compra do Grupo Ipiranga por cerca de US$ 4 bilhões, cresceram os indícios de vazamento de informação durante as negociações. Sexta-feira, o movimento com ações da Refinaria Ipiranga na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atingiu R$ 13 milhões, mais de 27 vezes o giro médio.

Quatro acionistas minoritários já formalizaram queixa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedindo esclarecimentos sobre a questão. A superintendente de Relações com Empresas da CVM, Elizabeth Lopez Rios Machado, reconheceu que a maioria dos negócios na sexta-feira envolveu ações ordinárias (ON), que dão direito a voto nas empresas.

Pela lei, em caso de venda, os donos desses papéis, diferentemente dos acionistas preferenciais (PN), têm direito a receber 80% do valor a ser pago aos controladores.

Sexta-feira, a CVM pediu explicações à Ipiranga sobre a alta acima do padrão das ações da companhia. E acionou a Bovespa para obter informações sobre quem operou com os papéis. O fato relevante publicado ontem pela Ipiranga ao mercado é considerado em parte, uma resposta aos questionamentos.

A CVM argüiu, porém, diretamente os diretores de Relações com Investidores de todas as empresas do grupo, com perguntas específicas sobre o processo de venda. Até a noite de ontem, nenhum deles havia dado resposta. Segundo a CVM, os diretores podem ser responsabilizados também como pessoas físicas, caso seja constatado o vazamento de informação.

A superintendente explicou que as investigações podem resultar na abertura de inquérito administrativo. ?A concentração em ações ordinárias e o fato de hoje (ontem) se divulgar fato relevante envolvendo a alienação de controle parecem indicar que vazou a informação.

Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, um dos sócios do Grupo Ipiranga, não acredita em vazamento de informações. Segundo ele, a proposta de compra só chegou aos controladores na noite de sexta-feira e foi fechada na madrugada de domingo.

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