CPI quer nomes de beneficiados em 2002

Brasília (AE) – Os nomes de todos os políticos e dirigentes que receberam recursos do publicitário Marcos Valério e Souza e dos financiadores do esquema de arrecadação montado por ele são as duas principais revelações que os integrantes da CPI esperam ouvir amanhã (9) do empresário mineiro. "Sabemos dos beneficiados em 1998, em 2003 e em 2004. Mas e nas eleições de 2002? Foi a eleição dos atuais deputados, de senadores, do presidente da República. O ‘valerioduto’ não funcionou?", indaga o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), vice-presidente da CPI.

Pimenta acha fundamental o publicitário esclarecer "desde quando e em que campanhas o esquema funcionou". Ele também vai questionar detalhes da obtenção de recursos. De um lado, acredita, Valério usou suas agências para obter empréstimos para os partidos. Uma segunda atuação seria "esquentar" (tornar legal) dinheiro doado por empresas para a campanha sem declarar à Justiça Eleitoral. A terceira seria firmar contratos de publicidade com o poder público e direcionar recursos para os partidos.

Até agora, Valério fez mais revelações nos depoimentos fechados, à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal do que quando falou à CPI dos Correios, há um mês. Aos parlamentares, ele apenas confirmou ter usado suas empresas para fazer empréstimos para o PT, sem que o partido aparecesse, a pedido do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Embora tenha dito nos depoimentos fechados que o ex-ministro José Dirceu (PT-SP) era o garantidor informal dos empréstimos, Valério não repetiu a informação na CPI. Os parlamentares esperam que ele o faça. Dirceu nega que tenha autorizado a operação de caixa 2.

Além do esclarecimento sobre a origem dos recursos, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), da CPI do Mensalão, considera crucial esclarecer uma suposta operação, denunciada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em que a Portugal Telecom ajudaria a saldar dívidas do PT e do PTB. Segundo Jefferson, com aprovação de Dirceu, PT e PTB mandaram emissários a Lisboa.

Outra questão, diz Jungmann, é o "comprometimento dos Bancos Rural e BMG" com Valério. "Por que tudo era feito com esses dois bancos? O PT, com o governo, capturou um pedaço do sistema financeiro", acusou. Há grande expectativa quanto às acusações que o empresário deve fazer a Jefferson, responsável por todas as denúncias que deflagraram a crise política. Como o Estado publicou ontem, Valério prometeu denunciar que o petebista tentou chantagear Delúbio. Como não obteve sucesso, Jefferson teria partido para o ataque.

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