CPI ouve amanhã depoimento de caseiro que acusou Palocci

A CPI dos Bingos vai ouvir amanhã o depoimento de Francenildo Santos Costa, conhecido por Nildo, caseiro da mansão do Lago Sul freqüentada, segundo ele, pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e por integrantes da chamada República de Ribeirão Preto. Sua convocação foi aprovada hoje por seis votos a sete, após um longo debate sobre a repercussão da entrevista que ele deu à Agência Estado. Aliados de Palocci, como o senador Tião Viana (PT-AC), alegaram que Nildo deveria ser ouvido de forma reservada por representantes da comissão. Já a oposição sustentou que a presença do caseiro servirá para que ele confirme ou negue as afirmações feitas. Ficou acertado que caberá aos dirigentes da comissão decidirem se o depoimento será feito em sessão aberta ou fechada.

Entre outras coisas, Nildo disse na entrevista que no imóvel, alugado em nome de Vladimir Poleto, ex-assessor da Prefeitura de Ribeirão Preto, e custeado por dinheiro recebido da empresa de Rogério Buratti, também naquela cidade, era feita a partilha de dinheiro distribuído a amigos do grupo, entre eles o secretário particular do ministro, Ademirson Ariosvaldo da Silva. Ele disse que havia uma ordem para que todos da casa, empregados e ex e atuais assessores, chamassem Palocci de "chefe".

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento de convocação, a presença de caseiro oferecerá ao ministro a oportunidade de ser defendido. "Porque até agora não houve nenhuma contestação", alegou. O senador Romeu Tuma lembrou tratar-se de "uma testemunha que conviveu na casa". "Se ele estiver mentindo, aqui é o melhor local para tomar seu depoimento", argumentou.

O senador Tião Viana fez o que pode para brecar o comparecimento de Nildo. Ele levou à CPI aliados como peemedebistas Valdir Raupp (PMDB-RO), que só vai à comissão para atender ao governo, e Gilvan Borges (AP), que até então nunca tinha comparecido a nenhuma sessão. Tião deixou claro que tinha feito um acordo com o senador Augusto Botelho (PDT-RO), para que ele endossasse seus votos. Os dois estiveram reunidos na terça-feira. Mas bastou um telefonema do senador Jefferson Peres (PDT-AM), acionado pela oposição, para enquadrar Botelho na orientação da bancada de investigar as declarações do caseiro. Ligado a Palocci, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) chegou a apresentar um requerimento para que Nildo fosse ouvido de forma reservada. Mudou de idéia e desistiu do pedido depois que Tião Viana votou contra a convocação do ex-caixa de campanha de Lula e atual presidente do Serviço Brasileiro de Apoio a Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto.

A sessão foi tensa. Sobretudo para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) que tinha de se explicar por todas suas declarações, contra ou a favor do comparecimento do caseiro. Quando o presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), disse ter ouvido dele a defesa do comparecimento do caseiro, Suplicy disse para seus colegas de governo que mudou de idéia, que preferia uma sessão reservada. Quando questionado sobre essa posição, alegava que o importante é ouvir o caseiro. Na ligação que fez para o ministro Palocci ao final da comissão, ele foi categórico ao afirmar que "ele (Efraim) me garantiu que o depoimento vai ser reservado". Efraim negou ter dado esta garantia, dizendo que só amanhã é que será definida a forma como Nildo será ouvido.

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