CPI dos Correios passa mais uma semana sem votar requerimentos

Brasília (AE) – Pela segunda semana consecutiva, a CPI dos Correios não votou nenhum dos mais de mil requerimentos por falta de quórum e acabou se transformando em palco para bate-boca entre os parlamentares da base aliada e de oposição. A briga na CPI começou com a manobra feita pelo governo para impedir a votação da quebra do sigilo bancário de oito corretoras acusadas de dar prejuízo aos fundos de pensão na negociação com títulos. Três deputados – os petistas Maurício Rands (PE) e Carlos Abicalil (MT) e Nelson Meurer (PP-PR) – saíram da sessão, que acabou encerrada por falta de quórum.

O governo trabalhou para esvaziar a sessão administrativa da CPI porque não queria ver aprovada a convocação do ex-presidente da Petrobras, o petista José Eduardo Dutra, e os donos da GDK, empresa baiana que tem contrato com a estatal para a construção de plataforma de petróleo. Foi a GDK que deu de presente para o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira um jipe da marca Land Rover. O governo também não queria ver aprovada a convocação do doleiro Dario Messer que, segundo denuncia de Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona, operava para o PT no exterior.

"É uma coisa lamentável que a bancada do governo não está aqui presente. Não vou compactuar com esse tipo de manobra" afirmou o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS). A manobra para esvaziar a sessão foi feita pela senadora Ideli Salvati (PT-SC), que pediu para os deputados deixarem a sala da CPI. Havia 17 parlamentares na CPI, o quórum mínimo necessário para votar os requerimentos. Com a retirada dos dois petistas e de Meurer a sessão caiu por falta de quórum.

"Eu vi a senadora Ideli pedindo para o deputado do PP ir embora. Foi a Ideli que mandou ele embora", berrou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). "Eu também vi", confirmou o senador César Borges (PFL-BA). Imediatamente a senadora petista e Faria de Sá começaram um bate-boca no meio da sessão. Ideli negou a manobra. "Tem gente que precisa enxergar e ouvir melhor" rebateu a senadora. "Cada vez que houver uma manobra do governo para esvaziar a CPI, nós vamos denunciar", disse o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). "É inadmissível que certas pessoas cumpram tarefas para impedir as investigações. A base do governo não terá sucesso em blindar as CPI’s", emendou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

Desde a semana passada, a CPI dos Correios não consegue votar nenhum requerimento de convocação ou quebra de sigilo de envolvidos no escândalo do ‘mensalão’. "Estamos paralisados", lamentou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira da CPI. A CPI aprovou hoje apenas a contratação de empresa de auditoria para ajudar na análise das quebras de sigilo bancário dos fundos de pensão, na análise de contratos dos Correios e na investigação do esquema financeiro montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Voltar ao topo